Rio de Janeiro - Os atletas da equipe brasileira de natação que chegaram neste domingo de Sydney, na Austrália, atribuiram a "uma semana ruim" o fato de não terem conquistado mais medalhas nos Jogos Olímpicos. "Se tivéssemos conseguido nossos melhores tempos, teríamos estado em pelo menos cinco finais; mas nadamos na média", afirmou Gustavo Borges, em entrevista no Aeroporto Internacional do Rio. "Voltamos com orgulho pela medalha de bronze no revezamento 4x100 livre, mas com um gostinho amargo de não termos conquistado outras."
Borges, Fernando Scherer, Carlos Jayme, Edvaldo Valério (que ganharam medalha no revezamento) e Rogério Romero desembarcaram no Rio, juntamente com o técnico Ricardo de Moura. "Não demos sorte na Austrália", afirmou Scherer que, se tivesse nadado seu melhor tempo, poderia ter ganho a medalha de prata nos 100 metros livres. "Não saiu o melhor de cada um."
Os atletas brasileiros não atribuíram seus resultados aos boatos segundo os quais muitos nadadores estrangeiros teriam feito uso de doping.
"Esse assunto está no campo das suposições e todos são inocentes até que se prove o contrário", disse Borges. "Isso sempre paira no ar, mas sabemos também que existe um controle muito rígido", acrescentou Moura.
O técnico disse que dos 199 países que participam dos Jogos Olímpicos, 150 mandaram nada menos que 982 atletas para as provas de natação - um recorde. "Desses todos, apenas nadadores de 18 países subiram ao pódio", contou. Ele lembrou ainda que, nas piscinas, foram batidos 39 recordes olímpicos e 15 mundiais. "Para ganhar uma prova era preciso bater um recorde olímpico", disse.
Para Moura, a grande estrela dessa Olimpíada foi a tecnologia. "Estou me referindo ao local de treinamento, a infra-estrutura dos países, ao acompanhamento dos atletas", disse. Em sua avaliação, os jogos de Sydney foram um divisor de águas para a natação mundial. "É difícil acompanhar o nível da tecnologia", constatou Moura. Para ele, outro problema enfrentado pelos nadadores foi o ritmo intenso das competições. "Os atletas ficam esgotados, tanto física quanto emocionalmente", afirmou.
Segundo o técnico, para driblar o problema, em um futuro próximo as equipes terão um especialista para nadar cada prova. "Essa é a tendência mundial e a do Brasil também." Quanto aos planos para o futuro, todos os atletas garantiram que continuarão nadando, até mesmo Rogério Romero, que competiu em quatro Olimpíadas e completará 31 anos em novembro.
"Se conseguir o índice, vou nadar o mundial do ano que vem", garantiu Rogério, que foi o único da equipe brasileira a nadar uma final individual, a dos 200 metros livres. "Não tem porque parar."
Gustavo Borges, que completará 28 anos em dezembro, também garantiu que não vai parar de nadar e não descarta a possibilidade de participar da Olimpíada de Atenas, em 2004. "Não se pode descartar nada agora; daqui a dois anos vou saber", afirmou. Fernando Scherer, de 26 anos, contou que pretende tirar duas semanas de férias "longe da água" e que, nos próximos seis meses, entrará na piscina apenas uma vez por dia.
"Vou intensificar o trabalho fora da água", afirmou. Scherer contou ainda que vai investir no treinamento para a prova dos 100 metros livres. "É nessa que tenho mais chances", disse.
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