Sydney - O feito de quebrar um tabu de 28 anos não foi suficiente para que o cavaleiro Jorge Ferreira da Rocha ficasse satisfeito com seu desempenho na Olimpíada de Sydney. Em sua apresentação na prova de adestramento, no Parque Horsley, o ginete teve 52% de acertos montando seu cavalo, Quixote Lanciano. "No começo da apresentação ele ficou totalmente maluco, tentou empinar e tive medo de que acabasse disparando", disse Rocha. O problema, segundo o cavaleiro, o impediu de executar algumas das rotinas obrigatórias da competição, que exige total controle do cavaleiro sobre sua montaria na realização dos movimentos. "Se era para ter um desempenho desses melhor nem ter competido, sei, pelos meus treinamentos que poderia ter feito coisa bem melhor", afirmou inconformado.
"Fiquei tão tenso que não senti a dor nas costas." Nem mesmo o apoio do filho Vinícius, conseguiu consolá-lo. "Meu pai foi o primeiro cavaleiro a conseguir ir para a Olimpíada passando por uma seletiva", disse. "Só isso já é motivo para comemorar." Rocha já previa a possibilidade de problemas com sua montaria antes da competição. Quixote, apesar de talentoso, tem temperamento imprevísível. Com o cavalo, o ginete conquistou a vaga olímpica em uma difícil disputa contra adversários de outros cinco países. Por outro lado, a montaria quase o levou à morte, quando, durante uma competição, uma caixa de som estourou. O cavalo saiu em disparada e jogou Rocha nas arquibancadas, que teve ferimentos graves, inclusive o rompimento de uma artéria e parada cardíaca. "Agora o jeito é pensar em Atenas", disse Rocha. Entre suas pretensões está a de formar uma equipe para competir na Olimpíada de 2004.
"Existem cavaleiros em formação com condições de buscar a classificação para os próximos Jogos. Segundo ele, isso seria importante para que o país fosse mais respeitado no adestramento. No ano que vem, o Campeonato Mundial será disputado no Brasil.