Sydney - Ficar entre as doze finalistas da prova de nado sincronizado, a melhor colocação do Brasil em uma Olimpíada, foi um feito tão grande para as gêmeas Carolina e Isabela de Moraes, de 20 anos, que elas nem se importaram com o último lugar na final. "Já foi maravilhoso estar aqui", resumiu Carolina, após a apresentação da dupla na madrugada desta terça-feira. Depois de ficarem em 13º lugar no domingo, as gêmeas brasileiras se recuperaram na segunda, ultrapassando a dupla grega e assumindo a 12ª e ficando com a última vaga.
Com o sonho realizado de disputar uma final olímpica inédita, as duas já entraram na piscina realizadas.
Bem que elas gostariam de ficar entre os dez melhores duetos, mas para quem estava estreando em uma Olimpíada numa modalidade sem história no Brasil, o resultado não pode ser desconsiderado.
Ainda mais porque, nesse esporte, os juízes não costumam mudar muito suas notas. Por isso, elas estavam muito preocupadas no domingo, quando souberam da necessidade de ganhar uma posição no dia seguinte, na segunda rodada.
"Depois que o juiz forma uma opinião, ele dificilmente muda a nota", explica Isabela. "Mas tivemos concentração suficiente para melhorar o desempenho."
Com a vaga na final assegurada, as gêmeas apenas mantiveram o nível da apresentação anterior. "Nosso número é muito ensaiado e não dá para inventar ou improvisar nada na hora", disse Carolina. "Sabíamos que dificilmente a nota iria mudar de novo, mas tudo o que viesse seria lucro." Na classificação geral, as irmãs Moraes ficaram com 91.000 pontos contra 91.733 da coreanas, que ficaram com a 11ª colocação. As campeãs, Olga Brusnikina e Maria Kisseleva (Rússia), alcançaram 100.000 pontos, a nota máxima da competição.
A distância ainda é grande, mas Carolina e Isabela estão entusiasmadas com o desempenho em Sydney e prometem melhorar para o Mundial do próximo ano, no Japão, e para a Olimpíada de Atenas, em 2004. Antes disso, elas participam em outubro, no Rio, do Campeonato Brasileiro, e no mês seguinte disputam a Copa Fina, no Egito. "O nível está cada vez mais alto, mas muita gente aqui está com 26 ou 27 anos", observou a treinadora Andréa Cury. "A tendência é a gente começar a subir mais posições."
Para chegar até Sydney, as gêmeas vêm praticando natação sincronizada desde os oito anos. Além de ficarem boa parte do tempo submersas na água, sem ver os movimentos da outra, as duas precisam de muita criatividade e rapidez para impressionar os juízes.
O sacrifício começa na maquiagem à prova d´água, que exige uma hora de antecedência na sua preparação. Os treinos consomem cinco horas por dia das duas, que estudam Terapia Ocupacional em Ohio, nos Estados Unidos. Sete vezes campeãs brasileiras, seis vezes sul-americanas e bronze no Pan de Winnipeg, as irmãs Moraes querem agora um lugar no pódio de Atenas.