Sydney - O técnico Radamés Lattari Filho deixa o comando da seleção brasileira masculino de vôlei frustrado com a perda da oportunidade de lutar por uma medalha na Olimpíada de Sydney. A inesperada derrota para a Argentina, nas quartas-de-final, tirou o brilho, segundo ele, de todo o esforço feito pelos integrantes da comissão técnica e pelos jogadores. "A tristeza é grande porque tivemos um enorme trabalho para motivar alguns atletas, saturados com as exigências da seleção", lembra. "Eles voltaram, todos os jogadores acreditaram na proposta, deixaram as vaidades de lado e mostraram um vôlei de alto nível", prossegue.
"Infelizmente, o time perdeu o jogo que não podia perder." Em pouco mais de três anos no cargo, Radamés orientou a seleção brasileira em 174 partidas até a vitória diante de Cuba por 3 a 2 no início da disputa pelo quinto lugar, obtendo 145 resultados positivos e 29 negativos. "O meu ciclo terminou e, por dentro, me sinto um vitorioso porque vou deixar um bom trabalho para o meu substituto", avisa. "Conseguimos recuperar alguns jogadores, como Douglas, e revelar outros como André, Gustavo e Dante", prossegue.
"Evoluímos também nos setores de estatística e fisiologia, além de uma mudança importante no sentido de não existir mais jogador titular ou reserva." O treinador ficou satisfeito com o interesse do presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Ary Graça Filho, em sua permanência no cargo. "Ele é meu amigo e, por isso mesmo, tenho de deixá-lo o mais a vontade possível neste assunto", diz. "Minha família sofreu muito nos últimos anos e é hora de dar um descanso." Sobre a possibilidade de poder indicar o seu substituto, admitida por Graça Filho, Radamés acha que o Brasil é um país privilegiado. "Temos diversos técnicos competentes para assumir a seleção", comenta.
"Entre eles, estão o Jorginho Schmidt (Ulbra), o Ricardo Navajas (Suzano), o Cebola (Minas), o Marcos Lerbach (Vasco), o Zé Roberto Guimarães (técnico campeão olímpico em Barcelona), o Bebeto de Freitas (também ex-treinador da seleção), o Alemão (seu assistente na Olimpíada)", continua. "Temos tantos técnicos que, por causa da cabeça quente, devo ter esquecido de algum."
No início da disputa do quinto ao oitavo lugares, o Brasil derrotou Cuba por 3 a 2 (23/25, 17/25, 25/21, 26/24 e 15/11). O levantador Marcelino tomou uma cotovelada de Douglas no nariz e teve de ser levado ao centro médico do ginásio do Pavilhão 4, uma das instalações esportivas de Homebush Bay. Em outro jogo pela disputa das mesmas colocações, a Holanda, atual campeã olímpica, derrotou a Austrália por 3 a 0 (25/20, 25/15 e 25/21).