Sydney - Com as derrotas na praia e da seleção masculina indoor, a última chance de ouro do vôlei brasileiro ficou nas mãos das meninas do time de Bernardinho. Mas a parada é difícil: o time tem de vencer as cubanas na madrugada desta quinta-feira (4h30 de Brasília) para garantir pelo menos a prata.
No confronto contra o Brasil, no vôlei feminino, as cubanas são sempre as favoritas. Mas o técnico Bernardo Rezende reafirma a sua opinião de que não é impossível ganhar.
A seleção brasileira não tem nenhuma Mireya Luiz, a excepcional atacante cubana, reserva de luxo, mas o treinador confia na força de suas "operárias". Ressalta que o Brasil baseia seu jogo na força de um grupo que tem trabalhado muito duro, sem esmorecer, e está coeso em torno do objetivo de jogar tudo o que puder.
"Não temos talentos individuais como os da geração passada, mas o nosso grupo é bom, trabalha muito e vem conseguindo resultados importantes". Além de jogar tudo o que sabe, Bernardinho quer o grupo em quadra sem sentir pressão por enfrentar as atuais campeãs mundiais e olímpicas.
Brasil e Cuba jogam por uma vaga à final olímpica. As brasileiras passaram fácil pelas quartas-de-final ao derrotar a Alemanha por 3 sets a 0 (com parciais de 25/22, 25/18 e 25/17). As cubanas venceram a Croácia por 3 a 0 (25/18, 25/23 e 25/21).
Na outra semifinal vão jogar Estados Unidos e Rússia. As norte-americanas derrotaram a Coréia por 3 a 2 (26/24, 17/25, 25/23, 25/27 e 16/14). A Rússia venceu a China por 3 a 0 (27/25, 25/23 e 27/25).
O técnico Bernardinho foi buscar na frase preferida dos jogadores norte-americanos de basquete da NBA - "play for fun" (jogar para brincar) - a explicação sobre o espírito que deseja de suas atletas em quadra, contra Cuba. Acha que devem jogar sem pressão.
"Acho que elas precisam pensar em cada ação, em cada bola”. A observação de que o grupo está falando a mesma língua vem nos comentários das jogadoras, que também dizem que vão tentar entrar em quadra, contra Cuba, sem pressão.
"É viver cada ponto, estar preparada para um jogo de troca de figurinhas, uma partida estressada, jogada a cada bola, a cada ponto", afirma Leila.
Assim como vem pensando em um jogo de cada vez desde que iniciou a fase de classificação, a equipe acha que contra Cuba será preciso pensar em um ponto de cada vez, sem desistir nunca. "A equipe que errar menos e tiver mais equilíbrio emocional é a que vai ganhar, é preciso não ter ansiedade de querer resolver”.
Na fase de classificação, o Brasil venceu o Quênia, a Austrália, a China, a Croácia e os Estados Unidos. Nas quartas-de-final derrotou a Alemanha. Perdeu um único set em seis jogos. As cubanas derrotaram a Alemanha, a Coréia, a Itália, o Peru e a Croácia (na semifinal), mas perderam para a Rússia (3 sets a 2) na etapa inicial.
Bernardinho disse que suas meninas vão entrar determinadas. Não quer que o time cubano perceba uma possível dúvida das brasileiras em relação a uma vitória no clássico. Mas não quer o Brasil pressionado por cobranças por medalha. "Temos a obrigação de jogar 100%, de deixar tudo o que temos dentro da quadra, mas é importante que elas não se coloquem em uma posição de ter uma obrigação perante outras pessoas a não ser elas mesmas".
Bernardinho entende que ganhar ou perder de Cuba tem sido uma rotina nos sete anos em que comanda a seleção. Em 1999, o Brasil ganhou três das quatro partidas que fez contra as cubanas - duas nos Jogos Pan-Americanos e uma no GP - o Brasil eliminou Cuba das finais do torneio.
Para Virna, Rússia e Cuba são as duas equipes favoritas à disputa do ouro e isso não mudou. "Vamos tentar quebrar esse favoritismo", afirma Virna, repetindo a tese de Leila e Bernardinho. Para a atacante, se as brasileiras não deixarem que elas joguem muito à frente no marcador, ou abrir vantagem no placar, também podem sentir-se pressionadas. "Existe essa ansiedade da parte delas também, no Pan foi assim - estavam na frente, já tinha até jogadora dançando no banco -, mas a partir do momento que pressionamos, sentiram e começaram a errar, a bater para fora".
As cubanas, que devem ter Yumilka Ruiz, Marlenis Costa, Regla Bell, Regla Torres, Taimaris Aguero e Ana Ivis Fernandez, têm grande potencial de ataque. Com isso, o Brasil tem de sacar muito bem, bloquear e jogar com passe na mão para que a levantadora Fofão possa distribuir bem as bolas e o Brasil usar bem a sua velocidade. O Brasil vai começar com Janina, Fofão, Leila, Walewska, Virna e Érika.
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