Sydney - O orgulho e a alegria por uma das melhores e mais organizadas Olimpíadas da história estavam estampados no rosto de todos os australianos no último dia olímpico. Desde cedo, milhares de pessoas se movimentavam pelo Parque Olímpico para assistir às competições finais, fazer compras, visitar os estandes ou simplesmente passear pelo local até a hora da cerimônia de encerramento. "Estamos muito felizes", resumiu a voluntária Kerry Reston, que nesta segunda-feira reassumirá suas funções de professora com uma satisfação maior do que a habitual.
"Acho que pudemos mostrar Sydney ao mundo da melhor forma possível e penso que nossa participação foi importante”. O comitê organizador tanto concordou com isso que resolveu distribuir, entre os 47 mil voluntários, cinco mil ingressos para a cerimônia de encerramento. Como isso, atendeu a pouco mais de 10% do total. Houve uma grande fila nos locais de distribuição, mas quem conseguiu o ticket saiu festejando. No Parque Olímpico, eles também foram homenageados. A todo o momento, os alto-falantes do parque cumprimentavam e agradeciam esses trabalhadores, arrancando aplausos de quem passava perto de um deles.
A satisfação, porém, não era só dos que trabalharam pelo sucesso do evento. Os australianos fizeram questão de sair à rua com a bandeira tatuada no rosto, enrolada no corpo ou carregada na mão. Várias crianças passavam gritando "Aussie! Aussie! Aussie!", o bordão que virou o grito de guerra da torcida nos estádios e ginásios.
E os estrangeiros também pareciam se sentir em casa. Na última tarde de competição, os dinamarqueses tomaram o Dome para ver a Dinamarca levar a medalha de ouro no handebol feminino, enquanto os ingleses foram ao estádio de beisebol presenciar a vitória da compatriota Stephanie Cook no pentatlo moderno. Até quem não tinha público foi aplaudido. Já no entardecer, o maratonista venezuelano faz um grande esforço para completar o recurso e recebe as palmas do australiano, que ficou na grade para incentivar até o último corredor.
Em uma das salas de entrevista, o nadador russo Alexander Popov, que mora em Canberra, não parava de elogiar a organização dos Jogos. Campeão em Barcelona e Atlanta, Popov perdeu o ouro em Sydney, mas se dizia recompensado pela experiência. "Foi a melhor Olimpíada de que participei, em organização, segurança e transporte", declarou Popov.
"As pessoas são muito amistosas e eu me sinto gratificado por ter tomado parte de um espetáculo tão belo”. Quando alguém perguntou sobre as instalações da Vila Olímpica, lembrando que alguns atletas famosos preferiram ficar fora, Popov não perdeu a chance de dar uma cutucada em estrelas como Marion Jones.
"Achei a Vila muito boa, mas isso é uma questão de preferência pessoal", disse o nadador russo. "Só acho que o importante é você vir aqui para competir e não para ficar em um hotel cinco estrelas”. Segundo ele, essa impressão sobre o sucesso da Olimpíada era uma opinião geral entre os atletas. Influente entre os seus colegas, Popov foi eleito junto com outros sete atletas para uma comissão que tomará parte no Comitê Olímpico Internacional e terá voz nas decisões.
Se os atletas não têm motivos para queixa, muito menos os turistas, que lotaram todas as instalações olímpicas. Escandinavos, latinos e asiáticos, entre outros, andavam de um lado para outro atrás da última imagem. A mais procurada era a da tocha ao fundo, que em poucas horas estaria apagada. Agora, é esperar que a chama volte com o mesmo brilho em Atenas.
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