Brasília - A menos de uma semana da data prevista para instalação da CPI do Futebol, chegou nesta sexta-feira ao gabinete do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) a primeira denúncia de remessa ilegal de dólares para as Ilhas Virgens britânicas, envolvendo o Flamengo.
O empresário Paulo César Ferreira, que se apresentou como membro do Conselho Deliberativo do clube, relata que o Flamengo teria feito dois depósitos em paraíso fiscal, na negociação do jogador Petkovic. Ele dá o número das contas em que ocorreram os depósitos nos bancos "Of Trade and comercial Bank" e "Bank Credit Lionais".
Dias avalia que a revelação das contas pode servir de ponto de partida para as investigações da CPI sobre transferência de jogadores. "É um sintoma de que as denúncias têm consistência", aposta.
Para o senador, a denúncia do empresário liga-se às investigações em andamento no Departamento de Combate à Ilícitos Financeiros (Decif) do Banco Central sobre o desvio de U$S 100 milhões que deixaram de ingressar no País a partir da venda de jogadores a clubes estrangeiros. Parte desse dinheiro pode ter entrado via intermediários.
Assim que for instalada, provavelmente na próxima quarta-feira, a CPI deverá pedir ao Banco Central lista de todas as transações de venda de jogadores e a quantia de divisa que entrou no País. O autor do requerimento pedindo a abertura da CPI, senador Dias, não descarta também a possibilidade de a comissão solicitar assessoria de funcionários do BC, caso seja necessário.
Em princípio serão requisitados os assessores do próprio Senado, experientes em CPIs. Dias voltou a declarar ser fundamental a "boa vontade" do presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), para a CPI do Futebol funcionar.
Fifa - Essa disposição foi reafirmada pelo próprio Antônio Carlos quando procurado, nos últimos dias, pelos presidente de honra da Fifa, João Havelange, e o da CBF, Ricardo Teixeira, e pelo ex-presidente desta entidade Giulite Coutinho.
Quinta-feira em seminário sobre Plano de Modernização do Futebol, Havelange disse que os parlamentares estão defendendo CPI só porque dá visibilidade. Ou seja, tornam-se conhecidos nacionalmente. O senador Dias reagiu: "dirigentes que não querem a CPI é porque desejam enriquecer ilicitamente".