São Paulo - A Nike não teme nenhuma investigação no contrato que assinou com a CBF com validade de dez anos. Os executivos da empresa no Brasil gostariam que a CPI, criada quinta na Câmara Federal, examinasse todo o documento o mais rápido possível para se colocar um ponto final na polêmica.
Nos bastidores da CBF, porém, é evidente o desconforto da Nike com as repetidas interferências dos políticos nos negócios da empresa com o futebol brasileiro. Não está descartada uma possível rescisão do contrato, estimado em US$ 200 milhões e apontado como um dos maiores do mundo no marketing esportivo.
"Temos um contrato de patrocínio com a CBF que é público, legal, registrado em cartório. Está à diposição para quem se interessar em examiná-lo", comentou Ingo Ostrovsk, na quinta, diretor de Comunicações da Nike no Brasil.
Ingo ressalta que a empresa de material esportivo não colocará nenhum obstáculo para atrapalhar as investigações dos deputados. O contrato é cristalino, na opinião do diretor. "Não temos nada a esconder, não existem cláusulas secretas. O documento foi levado por Ricardo Teixeira aos deputados e senadores. Alguns parlamentares leram o contrato, não constataram nada de anormal. Gostaríamos que o processo na CPI fosse examinado o mais rápido possível."
Maior desconforto O diretor de Comunicações da empresa não confirma, mas o desconforto com as interferências dos políticos é evidente. "Não gostaria de especular sobre o que pode acontecer. Temos um contrato que é legal, estamos cumprindo e não há muito mais o que comentar."
Na CPI, a acusação é que a CBF estaria colocando o futebol brasileiro sob seus caprichos. No contrato, fechado em outubro de 1996, na Suíça, uma das cláusulas previa que a empresa teria direito a cinco amistosos da Seleção por ano. "Fizemos uma revisão dessa cláusula e a Nike tem agora dois amistosos por ano. Essa alteração entrou em vigor agora, em 2000, e já cumprimos os dois amistosos, em maio, contra a Inglaterra e País de Gales", esclareceu Ingo Ostrovsk.
A Nike, além dos dois amistosos por ano, fornece todo o material esportivo de todas Seleções, da Sub 17 à Principal, e ainda empresta apoio logístico à CBF quando a Seleção está em atividade. No acordo entre a empresa e a entidade está previsto também a colaboração da patrocinadora na construção da nova sede da CBF. O projeto já foi elaborado e a sede deve ser construída na Barra da Tijuca, Rio.