Maracaibo - Depois da brilhante exibição da seleção nas eliminatórias da Copa de 1970, o futebol passou a ser também o esporte predileto do povo venezuelano. Não tão importante quanto o beisebol, adorado por todos, e que contagia até o líder nacional, presidente Hugo Chaves, como toda a população do país.
E foi a partir da goleada por 5 a 0, com três gols de Tostão e dois de Pelé, que o Brasil passou a ser adotado com a "segunda pátria" quando jogava na Venezuela ou disputava partidas importantes.
"Me lembro como se fosse hoje. Eles encantaram o povo e todos saíram nas ruas gritando "é Brasil, é Brasil". Depois daquela partida, não ligamos mais se perdermos para o Brasil", disse o taxista Daniel Urdaneta, homônimo do meia da atual seleção que vai enfrentar o Brasil. "Tenho humildade suficiente para saber o que é futebol de qualidade, e isso não temos".
O tricampeão do mundo, Rivelino, lembra que ficou no banco, na ocasião. E que quase não havia torcedores no estádio. "Muita coisa mudou no futebol e creio que para eles também. Hoje se tem uma visão diferente aqui na Venezuela".
Mas, se depender da torcida local, o estádio José Pachencho Romero estará dividido na hora de gritar gol, se esse for brasileiro. "Estamos metade com a Venezuela e metade com o Brasil", diz o diretor de uma rádio local, Willians Rupilio, que não esconde sua paixão pelo futebol brasileiro, vestindo a camisa 10, com o nome de Rivaldo. "Creio que não somente por ser um dos países com o melhor futebol do mundo, mas pelo carisma dessa gente, que muito se assemelha a nós."
Para as estudantes Beatriz Ledesma e Jelsy Medrano, ambas aguardando o desembarque da seleção brasileira, uniformizadas com a camisa da seleção da Venezuela, o motivo principal pela simpatia com o Brasil é a habilidade que possuem os jogadores. "Poucos têm tanto domínio da bola como eles, tampouco os argentinos", cutuca Ledesma, atenta à rivalidade entre os países sul-americanos.