Teresópolis - Em clima de fim de festa, o técnico Candinho, de 55 anos, vai
dedicar a vitória sobre a Venezuela, caso ela ocorra, a seu amigo Wanderley Luxemburgo,
que o levou à seleção brasileira em 1998, quando assumiu o cargo. "É mais do que
merecido", disse. Por se dizer fiel ao companheiro, o treinador já respondeu ao presidente
da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, que deixa o comando da
equipe após a partida de hoje, independentemente do resultado. E, ainda este ano, deve
assumir um clube.
Teixeira gostaria que Candinho ficasse no cargo até o jogo diante da Colômbia, no
dia 15 de novembro, no Morumbi, mas ele não aceitou. "Cheguei à seleção com o
Luxemburgo e vou sair com ele", justificou. "Só vou dirigir o time na Venezuela porque não
havia tempo para que a CBF chamasse outro treinador." Como a Copa João Havelange está
na metade, Candinho acredita ser difícil trabalhar em alguma equipe ainda este ano. Todas
têm técnico.
No entanto, já existem alguns clubes pensando em contatá-lo imediatamente.
Um deles é a Portuguesa. O treinador também pode ser convidado pelo São Paulo,
caso Levir Culpi seja mesmo confirmado como técnico da seleção brasileira. "Trabalhar em
qualquer clube de São Paulo é muito bom", reconheceu.
Seu primeiro plano, contudo, é descansar durante algumas semanas e ficar com a
família, fato raro nos últimos dois anos por causa das viagens com a seleção.
Embora esteja desempregado a partir de amanhã, Candinho garante não ter
nenhuma preocupação quanto ao futuro. "Uma coisa que nunca faltou em minha vida foi
convite para trabalhar." Ele é técnico há 22 anos e diz que aprendeu muito com Oswaldo
Brandão e Rubens Minelli.
Apesar de estar saindo de forma melancólica, o treinador acha que foram válidos os
dois anos em que trabalhou como auxiliar de Luxemburgo. "Aprendi muita coisa nesse
tempo e sei que, no futebol, o que conta é resultado", afirmou. "Infelizmente, não
conseguimos."
Irreverente, não mudou o comportamento nos últimos dias. Tratou um batalhão de
repórteres com a paciência de sempre e não se cansou de responder às mesmas
perguntas por diversas vezes. Na hora de expressar sua opinião, não poupou palavras.
Quando indagado, por exemplo, sobre o clima difícil da seleção e sobre as declarações do
lateral Cafu, de que o ambiente entre os jogadores não era dos mais alegres por causa das
incertezas sobre a comissão técnica, ele disse: "Tudo isso é frescura; futebol é dentro de
campo e o importante é marcar gols e não sofrer."