Porto Alegre - Natália Eidt quer como nunca voltar ao lar em Santa Cruz do Sul e ficar por uns tempos longe da ginástica rítmica desportiva (GRD). Durante toda a preparação para a Olimpíada, ela ficou hospedada em um alojamento em Londrina, local onde treinou a seleção. Nesse período, teve de largar os estudos e tentará agora recuperar a oitava série.
"Me convidaram para morar em Londrina, mas não aceitei. Não consigo ficar longe da minha família, e o Rafa (técnico) foi quem me criou. Seria uma injustiça deixá-lo", afirma.
Com a voz sonolenta, de quem ainda não se acostumou ao fuso horário brasileiro, Natália achou a Vila Olímpica uma tentação para atletas que, como ela, precisam manter o peso.
"Imagina, o McDonald’s era de graça! A técnica (Bárbara Laffanchi) ficava com as nossas credenciais para que não deixássemos a dieta de lado.
Se ninguém esquece a última apresentação da ginástica do Brasil – na qual o público aplaudiu calorosamente as meninas e vaiou as notas baixas dos jurados – as ginastas que suaram mais do que nunca para estar em uma olimpíada ainda se sentem injustiçadas.
"A nossa coreografia era a única que levantava o público. Mas como o Brasil não tem tradição no esporte, os juízes acharam que o oitavo lugar estava mais do que bom. Mas é claro que não estava! Nós merecíamos muito mais", diz indignada.
Apesar das notas abaixo do merecido, ainda assim, a Olimpíada foi a competição internacional mais justa que a brasileira já participou.
"Na Europa, a influência é muito presente nas competições. Ficamos sempre em último e o país sede era sempre o campeão. Foi assim na França e na Espanha. Só que nenhuma dessas equipes chegou à final olímpica", alerta.
Por enquanto, Natália não quer pensar em Atenas. Vai descansar e ordenar os estudos. Mas admite que a saudade das maças, arcos, cordas, bolas e fitas pode fazê-la voltar ao tapete.