Sydney - Se o futebol e o vôlei não vão bem, o samba, o maracatu e o frevo podem ao menos amenizar os fracassos do Brasil nesta Olimpíada. Foi nesse ritmo que a equipe brasileira de Ginástica Rítmica Desportiva (GRD) conseguiu, na quinta-feira, se classificar para as finais dessa modalidade. A disputa pela medalha será neste sábado, às 5h30 (horário de Brasília) e a treinadora Bárbara Laffranchi está otimista. "Vamos brigar pelo bronze", confia ela, que já levou a equipe ao ouro no Pan-Americano de Winnipeg.
Embora tenha ficado em sétimo lugar entre as dez participantes (oito se classificam para as finais), as cinco meninas saíram vibrando muito.
"Deixamos a Espanha, que é campeã olímpica, de fora", festejou Camila Ferezin, 23 anos. Ela tinha muito o que comemorar. Além de ser a primeira Olimpíada de uma equipe brasileira nessa modalidade, Camila havia machucado a mão durante a apresentação. "Fiquei chorando de dor, mas a Bárbara falou para eu engolir o choro e no final deu tudo certo”. Só não deu mais certo, segundo Bárbara, porque o Brasil ainda sofre com o desconhecimento dos juizes.
Na primeira das duas apresentações, com fita e arco, algumas notas baixas surpreenderam a técnica e o público, que vaiou muito os jurados. O número das brasileiras, ao som da Aquarela do Brasil, foi o mais aplaudido pelo público, mas acabou com uma média de 19.066 contra 19.600 de outras equipes. "Acho que a vaia mexeu com eles", disse a treinadora. "Tanto assim que depois um dos juizes veio me pedir desculpas pela nota baixa”. Já na segunda rodada, com as maças (pequenos bastões), as notas melhoraram. O fundo musical de frevo e maracatu ajudou as garotas, que treinam 7 horas e meia por dia, a dar um show de habilidade e graça, com movimentos ousados e sem nenhum erro técnico. Depois disso, Bárbara, que treina essa equipe há 15 anos, ficou mais entusiasmada. "Podemos ficar entre as três melhores", acredita. "Basta que as meninas repitam o que já fizeram”.
Neste sábado, as provas serão as mesmas, mas ela acha que os jurados já verão o Brasil com outros olhos. De qualquer forma, a treinadora admite que não será uma tarefa fácil ultrapassar mais três países. "Você pode chamar de milagre, mas nós acreditamos muito nisso", afirma. Assim ficou o Brasil neste final de Olimpíada: só com samba, frevo e muita fé.