Brasília - Depois do mau desempenho do Brasil na Olimpíada de Sidney, o governo federal vai lançar, com apoio do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), um plano nacional para o esporte brasileiro. A proposta foi apresentada hoje pelo presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman, ao presidente em exercício, Marco Maciel, em reunião no Palácio Jaburu.
O COB sugeriu, como parte do plano para ser desenvolvido para os próximos 12 anos a 16 anos, a criação de incentivos fiscais para o esporte, a exemplo do que existe para a cultura, construção de centros olímpicos e estabelecimento da obrigatoriedade da educação física nas escolas.
Para o ministro do Esporte e Turismo, Carlos Melles, que esteve na reunião, esse plano deve ser criado pelo governo para que o Brasil não tenha mais a "frustração" de sair de uma olimpíada sem medalhas de ouro. Em Sidney, foram conquistadas doze medalhas, seis de bronze e seis de prata. "Eu espero que dentro de 60 dias a gente possa ter um projeto para o Brasil para que não tenhamos mais essa frustração". Melles marcou um novo encontro para a próxima terça-feira com o COB. O presidente Fernando Henrique Cardoso, que está no exterior, deve voltar a recebê-los.
Marco Maciel disse que o desempenho do esporte nacional não pode deixar de ser reconhecido, porque o resultado foi o segundo melhor da história olímpica do País. Mas ele reconheceu que o resultado ficou abaixo das expectativas. "Não pode haver motivos para desconhecermos os defeitos, mas temos de reconhecer os êxitos", declarou.
Segundo o vice-presidente, esse plano visa a preparação do Brasil para as próximas olimpíadas e jogos pan-americanos. Nuzman rebateu o argumento de que a participação do País em Sidney foi frustrante. Ele admitiu, no entanto, que o plano poderá ajudar o esporte brasileiro a conquistar um "grande resultado olímpico." "É o início de um trabalho para que o Brasil tenha uma nova postura para o esporte e que, com isso, um dia, possamos chegar a ter um grande resultado esportivo", declarou o dirigente do COB.
O corredor Vicente Lenilson de Lima (medalha de prata no atletismo), que participou da reunião, com mais quatro atletas, resumiu um pouco as reivindicações daqueles que se dedicam ao esporte. "Se o País tivesse um política de incentivos para o esporte, o resultado em Sidney seria melhor", disse Vicente.
Segundo ele, o atletismo é um exemplo: ele não tem patrocínio de nenhuma empresa pública, ao contrário do que ocorre com o vôlei, que tem apoio do Banco do Brasil, a natação, que tem ajuda financeira dos Correios, e o Basquete, apoiado pela Caixa Econômica Federal (CEF).
Participaram do encontro ainda o iatista Torben Grael (medalha de bronze), o nadador Gustavo Borges (medalha de bronze), a jogadora da Seleção Brasileira de Vôlei feminino Virna Dias (medalha de bronze) e a jogadora de vôlei de praia Sandra Pires (medalha de prata).
Para Nuzman, seria importante que o esporte fosse beneficiado por incentivos fiscais. Na área da cultura, conforme uma lei federal, uma empresa pode destinar 2% do que ela paga de imposto de renda para a cultura e depois deduzir esse montante. Ele pediu ainda ao governo apoio para a aprovação na Câmara do projeto do senador Pedro Piva (PSDB-SP) que estabelece que 2% da arrecadação bruta das loterias sejam destinados para o COB e as confederações de esporte.
Dirigentes das confederações do vôlei, de desportos e do atletismo também estiveram presentes no Palácio Jaburu.