Sydney - O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, fez neste domingo um balanço positivo da campanha brasileira na Olimpíada de Sydney, apesar de o país não ter conseguido nenhuma medalha de ouro e ter ficado a três medalhas do número obtido em Atlanta, há quatro anos. Nos Estados Unidos foram 15 medalhas (3 de ouro), contra apenas 12 (seis de prata e seis de bronze) em Sydney.
Ao contrário do balanço da campanha de Atlanta, quando criticou duramente o desempenho do vôlei masculino (então quinto colocado e agora foi o sexto), neste domingo o dirigente fez questão de elogiar "todos os atletas e treinadores". Disse ainda que não tem "nenhuma queixa" das confederações esportivas. Pouco antes dos Jogos, ele havia criticado o que considerou falta de profissionalismo da Confederação Brasileira de Tênis, no episódio Guga.
O tenista esteve ameaçado de não participar da olimpíada por causa de divergências entre seus patrocinadores e o COB.
"O brasileiro precisa parar com a cultura do futebol, onde só tem valor quem é campeão", afirmou o presidente do COB. "Temos de valorizar as medalhas conquistadas. Até porque a campanha não foi ruim. Fizemos 80% de Atlanta", argumenta . "Nós não temos que ficar frustrados. Eu sinto, porém, que foi uma pena. Acho que o esporte brasileiro merecia um ouro, mas não existem culpados", reafirmou.
Nuzman lança mão de artifícios para demonstrar que a campanha em Sydney não foi assim tão ruim. Lembra, por exemplo, que este foi o segundo melhor resultado da história olímpica brasileira. Diz que as 15 medalhas de Atlanta deram ao país a décima sétima posição pelo critério de número de medalhas conquistadas e que as 12 de Sydney levaram o Brasil à vigésima posição por esse mesmo critério.
Alega que em Atlanta, 9 modalidades conquistaram medalhas e em Sydney foram oito. "Faltou o futebol", lembrou. Por fim, diz que em Atlanta o país participou de seis finais, enquanto que em Sydney chegou a oito. O fato é que em Atlanta o Brasil ficou em vigésimo quinto lugar na classificação geral e agora, caiu para a posição de número 52.
O dirigente não soube explicar desempenhos ruins de atletas campeões mundiais e que chegaram aos Jogos como favoritos - casos do vôlei de praia masculino e feminino; do time de futebol masculino, de Torben Grael, Robert Scheidt ou Rodrigo Pessoa. "Nós não acompanhamos o dia-a-dia desses atletas, mas vamos procurar as confederações para tentar identificar os fatores que contribuíram para esse desempenho", disse o dirigente.
Apesar de em nenhum momento admitir que a campanha em Sydney foi decepcionante, o dirigente voltou a criticar a falta de recursos e pregou a adoção de uma política para o desenvolvimento do esporte no país. Ele comparou a verba do COB, por exemplo, com a de comitês olímpicos de alguns países desenvolvidos. Revelou que enquanto o COB recebeu R$ 19 milhões nos últimos 12 meses para financiar a campanha de Sydney, o comitê olímpico norte-americano tem orçamento anual de US$ 400 milhões. O comitê australiano, diz ele, teve orçamento de US$ 350 milhões.
Segundo Nuzman, as medalhas de Atlanta não conseguiram atrair investimentos para o esporte. "Por três anos, estivemos mendigando recursos", disse.