São Paulo - Segue a pressão entre os dirigentes do comitê organizador da Olimpíada de Atenas/2004 e o Comitê Olímpico Internacional, por causa do atraso das obras na cidade. O COI não pára com ultimatos para os gregos e estes já estão respondendo mal às cobranças (agora, mesmo o Comitê Para-Olímpico Internacional andou divulgando sua preocupação, porque Atenas ainda não assinou o acordo para a organização da Para-Olimpíada logo após os Jogos Olímpicos, nem anda mostrando muito interesse na sua realização). No entanto, o ministro Costas Laliotis, das Obras Públicas, já solicitou ao COI que pare com as insinuações quanto à capacidade dos gregos de preparar os Jogos Olímpicos a tempo.
A declaração do minsitro foi logo após um comentário de um alto dirigente do COI sobre a necessidade de se estabelecer o prazo para as obras um ano antes do que se está prevendo.
Desistindo? Também são fortes os boatos de que Gianna Angelopoulos-Daskalaki, a presidente do comitê organizador, está pensando em renunciar ao cargo, frustrada pela burocracia que anda enfrentando por parte do governo.
Gianna foi a grande responsável pela vitória de Atenas na candidatura à Olimpíada/2004, mas saiu de cena logo depois da escolha da cidade. Com o atraso das obras e a pressão do COI, Gianna assumiu a presidência do comitê organizador e conseguiu promessas mesmo do próprio governo de que um ministério iria tocar as construções e o trabalho necessário para a infra-estrutura da Olimpíada.
A advogada - que recentemente admitiu em uma entrevista à televisão que o COI "teoricamente pode tirar os Jogos/2004 de Atenas - tem entrevista marcada no início da próxima semana com o premier Costas Simitis.
Admitindo Durante a Olimpíada de Sydney, foram vários os boatos de que os organizadores dos Jogos na cidade australiana seriam enviados à Grécia para assessorar os membros do comitê organizador de 2004, das construções à segurança, sumariamente desmentidos por Gianna Angeloupolos.
Dimitris Avramopoulos, prefeito de Atenas, disse que os membros do comitê organizador da Olimpíada e os membros do governo têm de achar rapidamente um jeito de trabalhar em conjunto. Para ele, os organizadores estão trabalhando com um número diferente de ministros responsáveis por partes diferentes da preparação da cidade, o que só está tomando tempo demais. "Precisa-se encontrar já um sistema operacional que traga resultados. Este novo período de crise que o comitê organizador está atravessando deve nos fazer encarar de frente as nossas responsabilidades", disse o prefeito.
Constantine Mitsotakis, que já foi premier e um dos mais velhos governantes gregos, disse que também está preocupado que Atenas não consiga se desincumbir do trabalho de montar a Olimpíada/2004. "Fui o primeiro a manifestar dúvidas e a dizer que os Jogos podem não acontecer na cidade.
Desde então, seis, oito meses se passaram, e infelizmente todas as minhas preocupações vêm se confirmando", disse Mitsotakis ao canal Alpha de Atenas.
Inaceitável "Não estamos indo bem", disse Jacques Rogge, do comitê executivo do COI, que está mais ligado aos Jogos de Atenas. O dirigente falou na terça-feira que os gregos têm de parar com as brigas e se unir, depois de três anos de atraso.
Cerca de 30% da infra-estrutura ainda precisa ser construída e o governo grego estabeleceu março de 2004 como prazo para conclusão do trabalho. O COI considera essa data inaceitável. O ministro Laliotis, das Obras Públicas, garantiu que o projeto estará finalizado "muito antes desse prazo que estabelecemos", sem no entanto estabelecer uma data anterior a esse março de 2004. Laliotis reclamou: "O COI deve nos deixar trabalhar, sem ficar com ultimatos".
Pelo COI, Rogge, por sua vez, disse que os membros do comitê organizador e o governo deveriam chamar um "cessar-fogo de quatro anos".
Dimitris Reppas, porta-voz do governo, observou que entende "a ansiedade e o interesse de Rogge", mas "Atenas está se preparando para organizar a melhor de todas da Olimpíadas". Também falou que os gregos estão esperando a visita de Robert Steadward, presidente do Comitê Para-Olímpico Internacional, em novembro, para a assinatura do contrato para a Para-Olimpíada/2004.