Brasília – A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados que vai investigar o contrato entre a empresa Nike e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já tem o nome do primeiro convocado. Será o próprio presidente da CBF, Ricardo Teixeira. “Vamos propor um questionário sobre os aspectos gerais do futebol e como ele é que comanda isso, deverá ser o primeiro a depor”, afirmou o deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), autor da proposta da CPI.
Segundo Rebelo, a CPI deverá ser instalada amanhã, mas será durante a semana que a pauta dos depoimentos e das sessões serão elaboradas. “Vamos tentar montar a lista dos depoentes, mas também está praticamente definido que chamaremos técnicos, dirigentes e autoridades do governo para falar sobre diversos assuntos”, afirma.
Apesar de ainda depender da aprovação dos demais membros da CPI, Rebelo afirma que a convocação de Ricardo Teixeira está praticamente certa no início dos trabalhos da comissão. “Ele é o homem que cuida da seleção brasileira principal, mas também de todas as seleções e também dos campeonatos, que têm patrocínio da Nike, por isso é necessário que seja o primeiro a depor”, diz o deputado. “Além disso, tudo que se refere à futebol, seja da periferia de São Paulo à periferia de Rio Branco no Acre, tem de passar por ele.”
Para Ricardo Teixeira, o deputado tem pronta a relação de questionamentos, como a elaboração do calendário futebolístico brasileiro. “Uma coisa que não dá para entender, além disso, é o por que de os nossos maiores craques estarem jogando no exterior e os clubes brasileiros estarem falindo”, observa Rebelo. “Isso tudo tem que ser questionado de início para que possamos avançar por outros caminhos.”
Governo – Além das pessoas ligadas ao futebol, CBF e Nike, a CPi deverá estender suas investigações para o lado oficial do esportes. Rebelo pretende convocar autoridades do governo para questionar a atuação do Ministério dos Esportes. “Não dá para entender o que faz o esportes num ministério do Turismo”, afirma o parlamentar. “Por isso se explica a razão de apenas 18% das escolas brasileiras terem quadras esportivas.”
Segundo Aldo Rebelo, no futuro, após concluir as investigações sobre o contrato da Nike com a CBF, a CPI poderá estender seus trabalhos para outros esportes, incluindo algumas modalidades olímpicas que não foram bem-sucedidas em Sydney. “Isso é um dos nossos objetivos, já que não dá para dissociar o futebol de outros esportes, principalmente no Brasil”, diz Rebelo. “Mas o objetivo, neste momento, é o futebol.”
Praticamente formada – faltam apenas alguns suplentes – a CPI da Nike é composta de alguns dirigentes de clubes que não assinaram o pedido de formação da comissão. Entre eles, o vice-presidente do Vasco da Gama, Eurico Miranda (PPB-RJ), que é titular na CPI. “Isso não nos preocupa, pois estamos vendo isso pelo lado positivo”, afirma Aldo Rebelo.
Segundo ele, os dirigentes de clubes ou federações que estiverem na CPI podem ajudar a esclarecer diversos assuntos. “Eles têm conhecimento sobre o tema e temos de confiar”, diz Rebelo. “Afinal, isso foi uma vontade da maioria da Câmara.”
Esta semana, o PFL também deverá indicar os integrantes da CPI do Futebol, que poderá ser instalada até sexta-feira, no Senado.