Sydney - Quando o estudante alemão Daniel Kopplow, de 26 anos, chegou a Phnom Penh para treinar a equipe de vôlei do Camboja para as Paraolimpíadas de Sydney, não conseguiu acreditar no que seus olhos viam.
Dez dos 11 membros da equipe são vítimas de minas terrestres. Alguns perderam uma perna, outros um braço, problemas comuns em um país que sofre com três décadas de guerra civil.
Acostumados com o sofrimento, não reclamaram por não terem chuveiros, quadra coberta e tênis para treinar.
``Era muito pobre. Cinco bolas para uma equipe. Sem tênis. Os jogadores tomavam banho com um balde'', disse Kopplow à Reuters na terça-feira, no Parque Olímpico de Sydney.
Kopplow disse que chegou em Phnom Penh nove semanas antes das Paraolimpíadas, que começam na quarta-feira.
``Era a temporada das chuvas, e tivemos que encontrar uma quadra com cobertura'', ele disse. ``Quando tentamos construir um telhado encontramos uma bomba que não tinha explodido e decidimos procurar uma outra quadra.''
Eles conseguiram encontrar uma quadra com telhado, mas ela não tinha paredes e, quando chovia, o vento levava a chuva para dentro e o treino tinha que ser interrompido.
Quando a equipe chegou a Sydney na semana passada, os atletas tiveram problemas para fazer as jogadas porque não estavam acostumados com luz artificial, paredes e telhado.
Kopplow explicou que a equipe do Camboja se classificou para o torneio de vôlei em pé após a desistência de outro país e espera vencer apenas um de seus cinco jogos antes de voltar para casa.
Existem 29 mil sobreviventes de explosões de minas terrestres no Camboja, informou o governo australiano, que está ajudando a financiar a equipe.