Roma - A União Européia de Futebol (Uefa) anunciou nesta quarta-feira que vai intervir no escândalo de racismo e agressões protagonizado por jogadores da Lazio (ITA) e Arsenal (ING), nesta terça-feira, no estádio Olímpico de Roma, em partida válida pela Liga dos Campeões.
“Recebemos a súmula do árbitro e uma decisão a respeito deverá sair em menos de uma semana”, informou a entidade por meio de um comunicado oficial. A penalidade para os jogadores poderá variar de simples multa, até suspensão.
“Ouvi um jogador da Lazio chamando Viera de negro sujo. Isto me incomodou. São coisas que não podem acontecer dentro de campo, onde temos que nos dedicar somente a jogar e não a dizer estas coisas”, contou o francês Thierry Henry, que também é negro. Outro jogador do Arsenal, Guilles Grimaldi, confirmou as acusações de Henry e foi mais longe. Disse que os jogadores do time italiano cuspiram em um de seus companheiros.
Em entrevista à rede de TV BBC, o francês Vieira acusou diretamente o zagueiro servio Sinisa Mihajlovic. “Em vários momentos, ele me chamou de negro de merda”, disse. Mihajlovic admitiu ter dito a frase, mas garante que foi apenas uma reação. “Antes ele havia me chamado de cigano de merda”.
Irritado com o tratamento que vinha recebendo dos adversários, Grimaldi acertou um soco no argentino Simeone, abrindo um corte de quatro centímetros no supercílio do adversário. "Grimaldi deveria se envergonhar do que fez com Simeone. Não sei o que ele está dizendo agora, mas sei o que ele fez. Os ingleses falam em fair play mas agem de outra forma”, disse o capitão da Lazio, Alessandro Nesta.
Também em nota oficial, a direção da Lazio lamentou o incidente. “Este tipo de coisa deve, de algum modo, atrapalhar o projeto vencedor da Lazio”, diz a nota. Desde o início da partida, um grande número de torcedores da Lazio gritou mensagens racistas contra vários jogadores negros do time inglês, procedimento que já se tornou costumeiro nos jogos realizados no estádio Olímpico de Roma.
No último sábado, o principal alvo dos torcedores foi o brasileiro Zé Maria - lateral do Peruggia. Cada vez que o brasileiro tocava na bola, os torcedores lhe dirigiam insultos e palavras de conotação racista.
“Fazemos todo o possível para evitar essas coisas, mas não podemos tapar a boca dos torcedores”, justificou-se o presidente da Lazio, Enzo Bianco.