Porto Alegre - Era tudo com que os jogadores do Inter não contavam depois da ótima atuação contra o São Paulo. Na chegada a Porto Alegre, no final da manhã de ontem, o ônibus contratado para levá-los ao Beira-Rio ficou preso num engarrafamento na Avenida dos Estados e não apareceu. A saída foi o coordenador técnico João Paulo Medina distribuir ali mesmo o dinheiro para o táxi. Um tanto constrangido, Medina teve que brincar com a situação.
"Estamos pagando os salários atrasados, noticia aí", divertiu-se, enquanto alcançava uma nota de R$ 10 para o zagueiro Lúcio.
Utilizariam o ônibus 11 jogadores, dos 18 que foram a São Paulo. Passaram por uma situação embaraçosa para voltar ao Beira-Rio. Recostados à fachada do Salgado Filho à espera de uma condução, foram surpreendidos por uma excursão com mais de 50 senhoras nordestinas da terceira idade, que embarcavam no aeroporto.
Ficaram encantadas. Foi o desfecho de luxo para os sete dias de turismo pela Serra.
Afagaram os jogadores e, algumas mais atiladas, parabenizaram pelo empate em São Paulo.
"Eram vocês mesmo que estavam jogando contra o São Paulo ontem?", indagou uma das turistas.
Outra, aparentando 70 anos, cabelos brancos e sorriso largo que a denunciava como a mais inquieta do grupo, se encantou com Lúcio. Abraçou-o e anunciou para o restante da excursão: "Ele jogou na Seleção!".
Os jogadores, ruborizados, esboçaram um sorriso e não conseguiam esconder o acanhamento. A notícia trazida pelo segurança Ismail, de que a saída seria mesmo pegar um táxi, foi confirmada em seguida. Medina distribuiu ali mesmo o dinheiro – uma reserva que sempre carrega o chefe da delegação para uma eventualidade. Rapidamente, os jogadores se espremeram em três táxis. Uma Kombi foi providenciada para levar os contêineres e sacolas com uniformes e material de jogo.
Não é a primeira vez que isso acontece com o Inter. Em 1997, quando voltava eliminado da Copa do Brasil pelo Flamengo, os jogadores também ficaram esperando pelo ônibus. Ontem, o veículo chegou, mas os jogadores haviam deixado o aeroporto havia 10 minutos.
"O ônibus, da empresa Lisotur, ficou preso num engarrafamento. Como os jogadores estavam cansados, resolvemos providenciar que voltassem de táxi", esclareceu o gerente executivo Rogério Delanhesi, o Pulga.