Rio - A derrota para o América-MG por 2 a 1 no Maracanã instalou de vez a crise que já vinha rondando a Gávea havia alguns dias. Depois das contratações milionárias de astros como Petkovic, Denílson, Edílson
Gamarra e Alex, o Flamengo corre sério risco de não se classificar para a
segunda fase da Copa João Havelange.
A Agência L!Sportpress procurou alguns
ídolos da história rubro-negra para que eles analisassem o complicado
momento vivido pelo clube.
Entre os entrevistados, o consenso foi a ausência de critério nas
contratações e a falta de pulso da diretoria para administrar tantos egos,
além do incentivo em se utilizar a prata da casa, mesclada aos mais
experientes.
Paulo César Carpegiani (campeão mundial pelo clube em 1981 e antecessor de
Carlinhos): "Acredito que tenha faltado critério na escolha dos reforços,
pois algumas posições carentes da equipe não foram reforçadas. Os jogadores
que chegaram são de ótima qualidade, mas ocupam uma faixa parecida no campo.
Não acho que esteja havendo vaidade no grupo, já que isso seria uma característica de falta de comando do treinador, o que não é o caso. Acho que está faltando, sim, uma filosofia de trabalho, como estava sendo feita na época do Gilmar (Rinaldi). Mas parece que isso foi abandonado."
Silva Batuta (jogador da década de 60 e olheiro da escolinha do Flamengo): "Um time como o Flamengo não pode perder quatro partidas seguidas. Está
havendo um vedetismo muito grande e os jogadores que chegaram querem
resolver tudo no drible, enquanto o futebol moderno pede passes cada vez
mais rápidos. O Carlinhos precisa acertar isso com os jogadores e aproveitar
a prata da casa, principalmente o Adriano e o Reinaldo, que jogam bem lá na
frente. A prioridade têm de ser sempre o passe rápido e os recém-contratados
ainda não assimilaram isso."
Júnior (lateral-esquerdo do time campeão mundial em 81 e ex-técnico do
Flamengo): "O treinador não foi ouvido sobre as contratações e elas acabaram
saindo sem muito critério, já que deixaram algumas posições carentes. O Carlinhos não tem culpa na história, ele é um treinador competente. A melhor
contratação feita foi a do Gamarra, pois o Flamengo precisa de alguns
jogadores experientes. A prata da casa sempre importante no Flamengo e o
Adriano e o Reinaldo são bons jogadores, mas são muito novos e podem acabar
se queimando. Quando comecei no Flamengo, haviam jogadores mais experientes
como Zé Mário, Liminha, Rodrigues Neto e Doval, que me ajudaram muito. É
isso que precisa acontecer no Flamengo, os jovens têm que receber apoio para
ganhar confiança."
Zizinho: (tricampeão pelo Flamengo na década de 40 - 43/44/45): "O problema do Flamengo é interno. Está faltando autoridade, mas a culpa não é do técnico, e sim do supervisor ou superintendente, que precisa ter pulso firme
com os jogadores. Na minha época de jogador, o Flávio Costa (treinador
rubro-negro na década de 40) colocava todo mundo concentrado durante dias
quando as coisas não estavam bem, e na maioria das vezes funcionava. Os
jogadores casados reclamavam muito mas todos cooperavam pelo bem do time. E
olha que nós também tínhamos nossas estrelas como Domingos da Guia, Pirilo,
Leônidas da Silva e Perácio."