São Paulo - Peguei uma geração morta." A acusação é de Wanderley Luxemburgo, que assumiu a Seleção Brasileira em agosto de 1998, um mês depois do fracasso do Brasil na final da Copa do Mundo da França. Em sua defesa, o técnico fez questão de ressaltar que teve de montar uma base na Seleção começando quase do zero. Por isso, os resultados não poderiam ser imediatos.
"Não quero criticar meus antecessores, nem acusá-los. O fato é que herdei uma geração morta. Aquela geração que começou na Olimpíada de 1988, com Romário, fracassou em 1990 e foi campeã do mundo em 94, mas morreu em 1998.
Quando assumi a Seleção, sabia que teria de formar uma nova geração. Por isso projetamos resultados a longo prazo. Infelizmente os críticos e os torcedores não entenderam assim, paciência."
Em sua defesa, o técnico explica porque experimentou mais de cem jogadores em dois anos de Seleção. "Não tinha alternativa. Tive de convocar jogadores que nunca haviam passado pela Seleção nem nas categorias de baixo. Nas posições mais carentes, como a zaga, levei muitos atletas sem experiência, como Edmílson, Roque Júnior, Scheidt, Caçapa, Emerson e outros para dar quilometragem e formar a zaga ideal. Foi a mesma coisa no ataque. Dei chances a todos os atacantes que estavam em um bom momento, como o França, Guilherme, Edílson, Luizão e até o Romário, que foi chamado duas vezes antes do jogo contra a Bolívia e não atuou porque se machucou."
Apesar das dificuldades que alega, Luxemburgo disse que os resultados da Seleção não estavam tão ruins. "Fomos campeões invictos da Copa América com apenas quatro titulares da Seleção que jogou a Copa de 1998 na França.
Fomos vices da Copa das Confederações, no México, porque resolvi apostar em jogadores que não tinham experiência de Seleção e precisavam disputar um torneio como aquele para entrar no ambiente de Seleção. Fomos campeões invictos do Torneio Pré-Olímpico."
E nas Eliminatórias? "É outro equívoco que estão cometendo. Projetamos a tabela do primeiro turno com cinco jogos fora de casa e quatro dentro. A expectativa era fecharmos o turno em primeiro ou segundo lugar, atrás da Argentina, e chegamos em segundo. Perdemos para Chile e Paraguai, duas seleções que foram à Copa de 1998. O Paraguai quase eliminou a França, caiu no `golden gol'. O único resultado ruim, de fato, foi o empate contra o Uruguai no Maracanã. Como profissional, aceito as críticas, mas foram exageradas. O que fizeram contra mim foi fora do normal."