Sepang (Malásia) - Retrospecto de uma temporada: dez vitórias e dez pole positions em 17 etapas disputadas. O resultado não poderia ser outro: além de ter sido campeã com Michael Schumacher, a Ferrari conquistou neste domingo em Sepang, na Malásia, o Mundial de Construtores, depois de nova vitória do alemão e da terceira colocação de Rubens Barrichello. Os 14 pontos que a McLaren necessitava para ganhar o campeonato acabaram ficando com a Ferrari. A festa dos italianos não deve ter terminado ainda. A Ferrari é agora a equipe com maior número de mundiais de construtores: dez. David Coulthard classificou-se em segundo no GP da Malásia e Mika Hakkinen em quarto.
“Concluímos a temporada como deveríamos”, disse Schumacher. “Fomos campeões não por termos mais pontos, mas com um primeiro e um terceiro lugar e um carro perfeito.” Quando muitos acreditavam que depois da Bélgica, em que Hakkinen abriu oito pontos de vantagem para Schumacher, a Ferrari ficaria na fila mais um ano, Schumacher obteve quatro vitórias consecutivas: Itália, Estados Unidos, Japão e Malásia.
Na volta de desaceleração, depois de receber a bandeirada, o piloto alemão agradeceu no rádio da equipe todos os 550 empregados do reparto Corse da Ferrari, do mais simples funcionário ao presidente da empresa, Luca di Montezemolo. E até o supersticioso dirigente vestiu a peruca vermelha adota pela Ferrari para comemorar a conquista do Mundial de Pilotos e de Construtores este ano, o que não ocorria desde 1979.
A exemplo do que os franceses da Renault e os ingleses da Williams fizeram em 1997, em Jerez de la Frontera, quando Jacques Villeneuve foi campeão e todos vestiram uma peruca dourada, hoje todos os cerca de 60 integrantes da Ferrari adotaram os longos cabelos vermelhos como símbolo de uma nova era. A imagem do vaidoso Montezemolo e o sisudo Jean Todt, o diretor esportivo, ambos de peruca, não será esquecida tão cedo. “Vim aqui para colocar as peças no lugar e levar a Ferrari ao sucesso, como agora”, comentou Todt. “Hoje é um dia muito especial para mim.”
As dificuldades da McLaren para reverter a grande vantagem da Ferrari entre os construtores começaram na definição do grid, sábado, em que Schumacher obteve a pole position com uma vantagem de quase meio segundo para Hakkinen. Para complicar ainda mais, o finlandês queimou a largada e teve de cumprir um stop and go de 10 segundos, no início da corrida. Coulthard se aproveitou bem de nova largada ruim de Schumacher para assumir a ponta. Na operação do primeiro pit stop, como quase sempre ocorre, Schumacher conseguiu voltar à pista na frente de Coulthard. O GP da Malásia estava ganho.
Foi uma temporada de recordes para o alemão e a Ferrari. Ele conseguiu nove vitórias este ano, igualando a marca dele mesmo, em 1995, e de Nigel Mansell, em 1992, quando ambos foram campeões. No total, Schumacher atingiu 44 vitórias na carreira e está agora a apenas sete de Alain Prost, com 51, como o maior vencedor de todos os tempos. Com as nove pole positions deste ano, o piloto da Ferrari chegou a 32, igualando Mansell. Mais uma e ele se equipara a Prost e a outro “monstro” da história, Jim Clark. À frente de todos está, distante, aquele que é considerado o maior velocista da história, Ayrton Senna, com 65.
Com nove vitórias, duas segundas colocações um terceiro e um quinto lugar, Schumacher somou 108 pontos, igualando o recorde de número de pontos em um mesmo campeonato de Mansell, em 1992. É, no entanto, o seu recorde pessoal. Em 1995 havia feito 102 pontos. Entre os 108 pontos de Schumacher e os 62 de Rubinho, a Ferrari chegou a 170 pontos. Trata-se de uma marca distante ainda do recorde da McLaren, que em 1988 somou com Senna e Prost 199 pontos. O time inglês não teve adversários naquele ano, já que venceu 15 das 16 etapas disputadas.
O título de construtores da Ferrari obtido neste domingo a coloca como primeira do ranking. Os italianos estavam empatados com a Williams, em primeiro, com 9 mundiais. Agora estão sozinhos com 10.