São Paulo - O hipismo brasileiro "está a pé" para os Jogos Olímpicos de Atenas. Sem os cavalos Aspen e Calei, que integraram a equipe brasileira medalha de bronze em Sydney e que retiram-se do circuito antes de 2004. Atualmente, apenas Rodrigo Pessoa, que vive na Europa (em Bruxelas, na Bélgica), tem animal com qualidade suficiente para a disputa da Olimpíada na Grécia. "Os cavaleiros do Brasil estão mesmo a pé. Acho que, com sorte, poderemos ter boas surpresas para os Jogos Pan-Americanos, mas não temos ainda cavalos de padrão olímpico", ressalta Vítor Alves Teixeira, de 42 anos, um dos cavaleiros mais experientes do Brasil e que já não esteve nos Jogos da Austrália por falta de cavalo.
Vítor entende que será preciso investir em cavalos de sete, oito anos a partir de 2001, se o Brasil desejar ter animais competitivos em Atenas. Disse que há, inclusive, alguns haras nacionais dispostos a adquirir animais de boa qualidade. "Eu estive na Europa e procurei animais na Alemanha, Bélgica, França e Holanda."
Em função da pequena quantidade de cavalos excepcionais, o preço é muito alto. "O Brasil acaba tendo menos condições de competir no momento da compra." Alguns países, como a França, revelou Vítor, tem federações eqüestres com poder para investir até mesmo financeiramente na formação de equipes olímpicas. "A Federação compra metade dos cavalos que vão ser trabalhados para a Olimpíada e vira sócia dos cavaleiros e proprietários." Ele e Bernardo Rezende Alves estão procurando cavalos para trabalhar até Atenas.
Para os Jogos Pan-Americanos, Vítor prepara a égua Folie, do Haras Agromen, em Orlândia. O cavaleiro acha que André Johannpeter, cuja família é proprietária do Haras Joter, no Rio Grande do Sul, tem estrutura para encontrar um outro cavalo que possa substituir Calei, com o qual ele competiu em Sydney.
Álvaro Afonso de Miranda Neto, o Doda, de 27 anos, acha que o Brasil vai ter cavalos em Atenas, embora "esteja a pé" atualmente. Ele próprio, que conseguiu o patrocínio da Audi desde setembro, já começou a trabalhar, na Europa, no Haras da família Pessoa, em Ligny, Bélgica, com os cavalos da raça sela-francesa Oliver, de sete anos, e Quapillon, de cinco anos. Os animais são de propriedade do Haras Método, que tem centro de treinamento em São Roque e criação em Boituva. Os cavalos vão para a Europa em dezembro e Doda volta a morar em Bruxelas em fevereiro.
Nesta quinta-feira, montando Medina, Doda foi o vencedor da prova da série intermediária do Visa Indoor, com obstáculos a até 1m35 de altura. Doda e Vítor voltam a saltar nesta sexta-feira a prova principal do Visa Indoor 2000, que será às 21 horas, na Sociedade Hípica Paulista - é a segunda seletiva para a Copa do Mundo, em Gotemburgo, na Suécia, em abril. Nenhum dos dois, no entanto, compete para classificar-se. Haveria necessidade de trabalhar os cavalos durante quatro meses e fazer uma adaptação ao clima de inverno para ir à Copa do Mundo e eles não têm cavalo e interesse em fazer isso.