Belo Horizonte - A diretoria do América, que armou o time durante a Copa João Havelange, nem esperou a competição terminar para dispensar jogadores. Ontem, foi a vez do meia Arílson deixar o clube, por não apresentar o futebol esperado pela diretoria do clube, Comissão Técnica e torcedores do América. Antes dele, saíram o goleiro Fábio Noronha e o volante Carlos Alberto, em setembro.
Arílson, que entrou durante a partida de sábado contra o Vitória, quando o América perdeu por 3 a 2, treinou ontem normalmente. Saiu mais cedo, sentindo uma fisgada na coxa direita e foi chamado pelo diretor de Futebol Procópio Cardoso Neto para uma reunião. Junto estava José Flávio Lanna Drumond, integrante do Conselho Gestor, responsável direto por assuntos de futebol no clube.
O jogador, maior salário do América, foi o primeiro a deixar a reunião. Tinha a feição tranqüila. “Saio pela porta da frente, assim como entrei. Não estava satisfeito aqui, pois não jogava. Saio sem mágoas", comentou Arílson, que vinha de uma temporada no Real Valladolid, da Espanha, e estava há dez meses sem jogar. “Queriam que eu fosse o salvador da pátria. Mas eu não sou", afirmou.
O meia lamentou o fato de não ter tido sorte em sua passagem pelo clube mineiro. Lembrou da contusão que sofreu pouco depois que chegou. A lesão o deixou afastado do time após sua terceira partida. “Saio insatisfeito comigo, por não ter jogado tudo o que sei. Fui campeão em todos os clubes que passei, o que aqui não aconteceria. Tenho um nome a zelar. Ainda vão ouvir falar muito de mim", avisou Arílson.
Ele ainda reclamou dos comentários que vinham circulando há algumas semanas. “Falaram muita coisa de mim, que ando saindo à noite e criticando o América. São pessoas que não conheço e não me conhecem pessoalmente. Ou, pelo menos, não estavam perto de mim para provar o que eu disse. Sou casado, tenho uma filha, e toda hora na TV ou no rádio estão me criticando. Foi uma falta de respeito que nunca vi igual", desabafou Arílson, que fica em Belo Horizonte até o final da semana, quando deve concluir a rescisão de seu contrato com o clube. “Gostei demais daqui", revelou.
Procópio Cardoso Neto informou que esta decisão estava sendo estudada há vários dias pela diretoria do clube. “Vínhamos falando com ele há algum tempo. É o jogador mais caro do América, é dono do próprio passe, mas não estava jogando. Ele quis sair e nós aceitamos", explicou.
Os dirigentes conversaram também com os meias Tucho e Ruy, o lateral-direito Paulo César e o zagueiro Thiago. Eles pediram mais empenho aos jogadores, que na opinião da diretoria do América, não vêm rendendo o esperado dentro de campo. Procópio Cardoso Neto não esconde que o comportamento extra-campo dos quatro foi o principal assunto abordado - eles estariam sendo vistos em bares e boates da cidade. “Foi uma reunião de pai para filho. O rendimento deles já não é mais o mesmo e todos são importantes para o América", ressaltou.
Procópio Cardoso Neto embarca hoje para São Paulo, para concluir a venda do passe do meia Irênio à Portuguesa. De acordo com o dirigente, o clube paulista tem interesse em antecipar a compra, pagando R$ 850 mil para ficar com o jogador em definitivo. O passe de Irênio está avaliado em R$ 1 milhão - Portuguesa já pagou R$ 150 mil pelo empréstimo de seis meses e este valor será descontado do total.