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Federação pede alto e assusta estrelas do judô do Pan
Quinta-feira, 02 Novembro de 2000, 19h45

São Paulo - Os preços elevados cobrados pela Confederação Brasileira de Judô (CBJ) dos atletas que viajam para defender o País é tema que volta às vésperas de cada competição internacional. O embarque da delegação, com 14 judocas, para os Jogos Pan-Americanos de Judô será terça-feira, mas duas atletas - Vânia Ishii e Tânia Ferreira - vivem a angústia da incerteza se o Vasco pagará ou não as despesas da viagem para Orlando, nos Estados Unidos. Os clubes ou atletas pagam para competir e os custos, definidos pela CBJ, estão longe de ser econômicos.

A CBJ definiu o preço da viagem em US$ 2.015,00, custo que depois foi reduzido para US$ 1,8 mil. O Pan será de 9 a 12. Os pacotes de várias agências para cinco dias em Orlando custam, em média, US$ 1,1 mil.

Uma reunião entre Ney Wilson, coordenador-técnico do judô do Vasco, e o vice-presidente de futebol do clube, Eurico Miranda, nesta sexta-feira, decidirá se Vânia e Tânia vão ao torneio. O Vasco mandou três atletas para o Mundial da Tunísia (com viagem arbitrada em US$ 2.700) - e um deles, Fabiane Hukuda, foi campeã na categoria meio-leve.

"A princípio, eu tinha suspendido", disse Eurico. A intenção era vetar a ida dos atletas do Vasco para a Tunísia e Orlando. "Mas, se o técnico e o atleta mostram que é importante, não tenho como evitar", afirmou o dirigente.

Vânia Ishii, campeã do Pan-Americano de Winnipeg, em 1999, acha que o pior para o atleta é manter-se treinando e no peso, sem saber se irá ou não competir. "Os clubes têm razão em reclamar, porque pagam a parte dos técnicos, do chefe e do atleta de uma delegação, mas não quero saber disso. Ainda bem que tenho meu técnico e o meu clube pensando nisso por mim", afirmou Vânia.

A judoca foi avisada pelo clube sobre a pendência em relação à viagem. Lamentou porque o Pan conta pontos para o ranking mundial, mas observou que aceitará a decisão do clube. "Não vou berrar, o Vasco sabe o que faz."

O superintendente da CBJ, Joaquim Mamede, resumiu a questão com a frase "vai quem quer". "A CBJ não tem recursos e não tem como pagar para ninguém." Ele informou que os convocados serão substituídos por reservas se não puderem pagar. O preço superior no valor das viagens também é confirmado por Mamede.

O dinheiro a mais, recebido dos atletas, pagará as passagens dos técnicos Cristina Madeira e Pedro Sinohara e de um chefe de delegação que Júnior vai indicar nesta sexta-feira.

Mas o próprio Mamede, pai, é o responsável pela ausência de verbas públicas desde 1991 - as contas da entidade foram rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União quando ele era o presidente. A CBJ também não tem patrocínio - não surgiram empresas interessadas em uma entidade que tem pendências com o TCU, apesar dos bons resultados do judô brasileiro.

Agência Estado


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