São Paulo - Nos últimos tempos, sempre que o São Paulo chega à reta final das competições que disputa, a ameaça de crise ronda o ambiente do clube. A mais nova turbulência no Tricolor surgiu com um impasse entre o técnico Levir Culpi e a diretoria, justamente no momento em que a equipe se prepara para a fase decisiva da Copa João Havelange.
Após divergir dos dirigentes sobre a renovação de seu contrato, o treinador, que pediu uma definição rápida sobre seu futuro no clube, causou constrangimento no São Paulo ao trajar uma camisa da Topper, concorrente da fornecedora são-paulina, a Penalty.
Nesta sexta-feira, mesmo não admitindo a crise e garantindo não ter queixas dos dirigentes, o técnico afirmou estar aberto a propostas de outros clubes. "Isso é comum no futebol, mas agirei com ética e, se receber propostas, os primeiros a saber serão os diretores do São Paulo", disse Levir.
O próprio diretor de Futebol do clube, José Dias, alertou para a necessidade de a equipe não perder a concentração apesar de todas estas divergências. "Temos de nos concentrar apenas na competição", disse o dirigente, preocupado com as repercussões da polêmica. Ele, no entanto, continuou dizendo que ainda é cedo para falar sobre a renovação do contrato de Levir Culpi, que termina no final do ano.
No primeiro semestre, situações semelhantes envolveram o volante Vágner e o atacante Evair. O volante, que vinha sendo uma das principais peças do time, deixou o São Paulo durante as finais do Paulista, assim que terminou seu contrato. Em meio à decisão contra o Cruzeiro, pela Copa do Brasil, na qual o São Paulo foi vice-campeão, Evair queixou-se da reserva e acabou dispensado.
Dias depois, a equipe perdeu a chance de chegar à Libertadores de 2001, ao ser desclassificada pelo Sport, na Copa dos Campeões. Foi outro momento difícil, já que a melancolia com a despedida de Raí, anunciada pouco antes da competição, superou a motivação do grupo.
No ano passado, sob o comando de Paulo César Carpegiani, o caso da alteração da idade de Sandro Hiroshi atrapalhou a equipe, eliminada nas semifinais do Brasileiro. Agora, os jogadores querem ficar alheios aos problemas para superarem as dificuldades já a partir deste domingo, quando o São Paulo enfrenta o Juventude, às 16 horas, em Caxias do Sul.
Para o atacante Marcelo Ramos, a equipe tem de superar o trauma de atuar fora de casa. Na João Havelange, o Tricolor venceu só uma vez como visitante, contra o Gama. "Esta situação não é normal", disse Marcelo. "Na decisão, diminuir o ritmo fora de casa pode ser fatal", completou o jogador.