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Teto salarial do Corinthians deve baixar
Sexta-feira, 10 Novembro de 2000, 22h58

São Paulo - Os péssimos investimentos que a diretoria do Corinthians fez com o dinheiro da Hicks Muse, o que causou um déficit ainda não calculado no orçamento da parceira norte-americana, deve dar um prejuízo ainda maior para o próprio clube na temporada 2001. Todo o dinheiro jogado fora nas contratações ruins e nas rescisões contratuais dos jogadores escolhidos pelos dirigentes será contabilizado como déficit no orçamento do ano que vem.

Amarrada pelo contrato que dá ao Corinthians autonomia total sobre as decisões do Departamento de Futebol Profissional, a Hicks, por enquanto, se limita a observar a "queima" de seu dinheiro em maus negócios. Mas a situação deve mudar muito a partir do próximo ano. Em 2001, há uma grande possibilidade de que o teto salarial dos jogadores fique bem abaixo dos R$ 130 mil atuais. Os investimentos em contratações também devem ter novo perfil, bem mais modesto. Sentindo que o clube não está conseguindo bom retorno com o dinheiro investido em reforços, a verba destinada às contratações deve diminuir.

Voto vencido na maioria das decisões, a Hicks já começa a fazer as contas. Só de rescisões contratuais, o número ultrapassa a casa dos R$ 3 milhões. Vadão e os demais integrantes da penúltima Comissão Técnica, que trabalharam apenas quatro meses no Parque São Jorge, continuam recebendo os salários. Por força de uma cláusula contratual, Vadão & Cia. só deixariam de receber seus vencimentos até no fim do contrato de 12 meses se nesse período encontrarem trabalho.

Os prejuízos com a dispensa do atacante Müller e do zagueiro Adílson na semana passada também são consideráveis. Só a título de indenização, Adílson, que tinha contrato com o clube até dezembro de 2001, vai receber R$ 1 milhão. Proporcionalmente, a rescisão de Müller ficou ainda mais cara, já que o atacante do Cruzeiro custou R$ 500 mil de luvas e ainda recebeu quatro meses de salários (de R$ 130 mil) para jogar apenas seis partidas. Sem contar o pagamento de férias e 13º salário proporcionais: R$ 1,1 milhão.

Bem ao contrário da postura do Corinthians, o vice-presidente de Futebol do Cruzeiro, Alvimar Perrela, já deixou bem claro: embora Corinthians e Cruzeiro tenham o mesmo parceiro, até 31 de dezembro os gastos com Müller serão responsabilidade da Corinthians Licenciamentos, não da Cruzeiro Licenciamentos, independentemente de o jogador ter sido devolvido antes do prazo pelo Corinthians.

É por isso que a Hicks passou a investir muito mais no Cruzeiro, apesar de José Roberto Guimarães, o homem que cuida do orçamento dos dois clubes, dizer o contrário. "Não é verdade que a empresa passou a dar preferência ao Cruzeiro, porque cada clube tem o seu orçamento. Vai de cada um administrar da melhor forma o seu."

Outros maus negócios feitos pela Diretoria devem aumentar o prejuízo em breve, principalmente se alguns dos jogadores recém-contratados forem mesmo incluídos na limpeza que será feita depois da Copa João Havelange. Metade do passe de Rogério já foi repassado a um grupo de empresários espanhóis e pelo menos nesse negócio não haverá prejuízo.

No entanto, dificilmente o clube deixará de perder dinheiro com a eventual saída de Pereira (US$ 2,3 milhões) ou de Djair (R$ 2 milhões), por exemplo. A Hicks ainda não deu um basta à "gastança" corintiana, mas está bem próxima disso.

Agência Estado


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