Brasília - Em menos de um mês de funcionamento, duas CPIs instaladas no Congresso Nacional, começam a dar prova de que, além de incomodar empresários, grandes astros do meio desportivo e cartolas, podem transformar-se em paixão nacional, como o objetivo de suas investigações: o futebol. Na Câmara se investiga o contrato da Nike com a CBF, enquanto no Senado o objetivo é o próprio esporte.
Uma coisa, porém, já é certa: depois das duas CPIs, o futebol brasileiro não será mais o mesmo. Talvez por ser formada por políticos mais experientes - ex-governadores ou inquisitores tarimbados - , a CPI do Futebol no Senado esteja mais avançada. Até agora, aprovou 51 requerimentos que atingem desde o "feudo" em que se abrigam os empresários de jogadores até pequenas agremiações que, a exemplo do que faz boa parte dos chamados grandes clubes, não recolhem a contribuição previdenciária.
Além disso, os senadores já receberam o resultado de três sigilos bancários dos 40 pedidos nas três únicas sessões realizadas: a do treinador Wanderley Luxemburgo, da CBF e da empresa Traffic, que intermediou o contrato entre a CBF e a Nike. Mas a grande esperança é encontrar fatos novos na quebra de sigilo de 20 empresários de jogadores, além das empresas Luxemburgo Veículos e Rhumell, patrocinadora de material esportivo e as ainda desconhecidas "cláusulas secretas" do contrato da Nike e CBF.
Contas - Ao contrário da CPI do Futebol, a da Nike só aprovou quatro pedidos de abertura de contas: da CBF, da Traffic e as de seus presidentes Ricardo Teixeira e J. Hawilla.
Na terça-feira, a lista poderá ser maior, por causa da quebra dos sigilos das federações. A mais esperada é a da Federação Paulista, cujo presidente, José Eduardo Farah, surpreendeu com a revelação de que deixará o cargo no fim do ano. Integrantes da CPI acham que a decisão foi uma reação à quebra do sigilo da federação.