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Campeão de sumô deve título à comida da mãe
Quarta-feira, 22 Novembro de 2000, 18h25
Atualizada: Quarta-feira, 22 Novembro de 2000, 19h13

Agência Estado
Marcos Santana, campeão brasileiro de sumô

Pereira Barreto - Aos 11 anos, Marcos Santana era bem magrinho. Por falta do que fazer depois das aulas, passava o resto do dia entre a cozinha e as mesas do restaurante de beira de estrada da mãe, Laerce Ferreira Santos, em Pereira Barreto, cidade próxima à divisa entre São Paulo e Mato Grosso. O resultado não poderia ser outro: aos 15 anos já pesava 100 quilos e hoje, aos 26, está com 162. "Comia tudo o que via pela frente, principalmente costeleta de porco", lembra Marcos, campeão brasileiro pesado e absoluto de sumô. Com duas medalhas de bronze em mundiais, oito títulos nacionais e cinco estaduais no currículo, ele está s preparando agora para o 9º Mundial da modalidade, dias 2 e 3, com a participação de 27 países, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.

Marcos conta que não consegue tomar água em copo pequeno. Na sua casa, as canecas têm, no mínimo, 600 mililitros. "Quando tenho sede, mato logo um litro de refrigerante." E mais, detesta perder tempo: "Devoro chocolate em barra mesmo e caixas inteiras de bombons." Supermercado? A cada 20 dias gasta cerca de R$ 700. Se a esposa, Vanessa, de 20 anos e apenas 56 kg, bobear, fica sem comida. O único que tem alimentação garantida é Ruan, de 8 meses, que só come papinha.

Seu prato preferido é arroz, feijão, bife, ovo, lasanha e costeleta de porco. Tudo junto. Faz seis refeições diárias. "É que rolam os lanchinhos", explica. Marcos evita a todo custo a comida da delegacia da cidade, onde trabalha como carcereiro. "Até hoje, apelo para a minha mãe. Só sei fritar ovo."

Os 47 presos da delegacia pensam duas vezes antes de fazer qualquer gracinha quando Marcos está de plantão. "Meu tamanho impõe respeito." Os 162 kg, no entanto, não são suficientes para intimidar adversários em âmbito internacional. "É duro quando você pega um cara de 300 kg, tenta ver seu técnico atrás dele e não consegue", afirma o campeão brasileiro. "Rezo para não cair em cima de mim."

Sem patrocínio, Marcos já teve de vender, carro, moto e aeromodelos para pagar as viagens. "Tenho uma jubiraca velha, um Corcel caindo aos pedaços, e moro numa casa financiada." Ele sobrevive com os salários de carcereiro e de técnico de sumô - tem 25 alunos em Pereira Barreto - e da venda de roupas que sua mulher costura.

Marcos revela que sofreu preconceito no sumô, por ser mulato e não descender de japoneses. Foi derrubando barreiras "no braço mesmo". Seu ponto forte, aliás, é a técnica de braços, mais longos que os dos japoneses, "inventores" do esporte.

Agência Estado


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