Brasília - O presidente da CPI da Nike, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), deu hoje um prazo de 72 horas para o presidente da Federação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, encaminhar à comissão as alterações no contrato de patrocínio feito com a multinacional Nike. Rebelo ameaçou enquadrar Teixeira no crime de desobediência, previsto no artigo 330 do Código Penal, se ele não atender ao requerimento. O presidente da CBF está sujeito a pena de 15 dias a seis meses de detenção, mais multa, se não atender à CPI. Esse artigo do código trata de "crimes praticados por particular contra administração em geral".
Ao atender ao requerimento inicial da CPI, Ricardo Teixeira omitiu as mudanças que foi obrigado a fazer no contrato, diante da constatação de que a Seleção Brasileira não teria condições de fazer 50 jogos amistosos em 10 anos para atender à empresa. O número de jogos foi reduzido para 2 por ano, mas os deputados só souberam desse acordo por intermédio da imprensa. Aldo Rebelo leu o ofício que encaminhou à CBF numa das mais tumultuadas sessões da CPI da Nike. A confusão começou quando os deputados começaram a discutir sobre os próximos depoimentos da comissão.
Rebelo e o relator Silvio Torres (PSDB-SP) não conseguiram convencer a seus colegas sobre a incoveniência em chamar para depor os presidentes das federações de futebol antes de ter em mãos os dados proporcionados pela quebra do sigilo bancário e fiscal de cada um deles.
O deputado Eurico Miranda (PPB-RJ) encabeçou o movimento dos descontentes. "Tive de engolir muitas coisas nos convocados até agora", alegou o deputado. Ele insistiu sobretudo na convocação do presidente da Federação de Futebol do Paraná, o deputado cassado Onaireves Moura (PSD-PR). O relator propôs ouvir este ano pessoas, entre outros, o ex-supervisor da seleção brasileira, Américo Farias, o presidente do Clube dos 13, Fábio Koffes, Wanderley Luxemburgo, Pelé e representantes da Nike. Mas Aldo Rebelo, diante do tumulto, preferiu cancelar a sessão e adiando para hoje a votação da pauta de depoimentos.
EDMUNDO - Logo após a votação, os deputados vão ouvir quinta-feira de manhã o depoimento do atacante Edmundo. Desde o final da copa da França, ele tem insinuado que sabe mais do que foi divulgado sobre a entrada de Ronaldinho em campo, mesmo após ter sofrido uma convulsão. Na CPI do Futebol, os senadores vão ouvir a presidente do Conselho de Controle de Atividades Finaceiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda encarregada de investigar lavagem de dinheiro e outros tipo de irregularidades.
EMBAIXADA - Os senadores também vão providenciar nesta quinta-feira os requerimentos para que a Polícia Federal estenda suas investigações sobre a chamada “embaixada”, como era chamado o casarão, localizado na Barra da Tijuca, onde técnicos, cartolas e doleiros se reuniriam para efetuar transações irregulares na compra e venda de jogadores. A denúncia de que isso ocorreria foi feita pela CPI pela ex-secretária de Wanderley Luxemburgo, Renata Alves.
De acordo com novas informações recebidas pela comissão, essas transações continuariam sendo feitas em outra casa, agora num local mais reservado, em Guaratiba, também no Rio de Janeiro.