São Paulo - Na lista dos nomes com chances de substituir Candinho como técnico do Corinthians, o de Wanderley Luxemburgo aparece em letras maiúsculas. A primeira providência para a volta do ex-treinador da Seleção ao Parque São Jorge já foi tomada.
Nesta quinta-feira, o vice-presidente de Futebol, Antônio Roque Citadini, vetou a contratação de Paulo Angioni para o cargo de gerente de futebol. Angioni é desafeto de Wanderley Luxemburgo desde a época em que os dois trabalharam no Flamengo.
Na ocasião, Luxemburgo perdeu o cargo no time carioca justamente porque Angioni ficou do lado de Romário numa disputa de poder entre o atacante e o treinador. Luxemburgo daria o troco mais tarde, logo em sua chegada ao Parque São Jorge, em 98 demitindo Angioni. Depois disso, a relação ficou ainda mais estremecida.
Apesar dos inúmeros problemas pessoais do treinador, a contratação de Wanderley Luxemburgo conta com a simpatia do presidente Alberto Dualib e da patrocinadora Hicks Muse. A relação de Wanderley e Dualib sempre foi a melhor possível. Até em seu desligamento do Corinthians, Dualib exerceu um papel importantíssimo para que Luxemburgo deixasse de pagar a multa rescisória ao antigo patrocinador, o extinto Banco Excel.
Na época, Wanderley tinha dois contratos: um com o clube outro com o banco. No contrato com o Corinthians, Dualib aceitou que fosse inserida uma cláusula em que o clube se obrigava a liberar o treinador da multa rescisória caso o motivo da quebra de contrato fosse uma convocação para a Seleção Brasileira. A cláusula no contrato com o Corinthians colocou o banco numa situação difícil. Para receber a multa rescisória de Wanderley, o Excel teria de brigar na Justiça. E ainda ficaria com a sua imagem comprometida, já que a razão da quebra de contrato tinha um apelo nacionalista - a Seleção Brasileira.
Em seu discurso de despedida, Luxemburgo afirmou que voltaria ao Corinthians depois de completar seu ciclo na seleção brasileira. Na ocasião, ainda admitiu que - mesmo na CBF - continuaria dando assessoria técnica ao clube, o que de fato aconteceu. Quando os jogadores do Corinthians fizeram greve de silêncio com a imprensa, em 99, Wanderley ligou para o técnico Oswaldo de Oliveira e o aconselhou a acabar com o movimento. Coincidência ou não, no dia seguinte a greve de silêncio terminou.
NOVOS TEMPOS - Mesmo com o bom trânsito que Luxemburgo ainda tem no Parque São Jorge, para voltar ao Corinthians ele vai ter de alterar um pouco o seu estilo de trabalho. Na nova estrutura hierárquica que será implantada no Departamento de Futebol Profissional do clube não haverá mais espaço para um técnico com poderes ilimitados. Wanderley terá de aceitar as novas regras do jogo para voltar. Como o treinador se encontra numa situação parecida com a time - precisando "renascer das cinzas" -, não será difícil uma readaptação.
O nome de Luxemburgo também ganhou força quando foi apresentado um balanço à diretoria comparando o dinheiro investido nas contratações indicadas por ele com o prejuízo alcançado nos últimos reforços. Dos jogadores trazidos por Luxemburgo, só o atacante Didi, contratado por empréstimo, não vingou. Os demais deram lucro técnico e financeiro, especialmente Vampeta.
DINHEIRO - O acerto financeiro com Wanderley Luxemburgo também não deve ser difícil. O treinador já disse que voltaria "correndo" ao Corinthians. Para ganhar um contrato de verdade, só falta aceitar as novas regras do jogo. É isso que Antonio Roque Citadini deve fazer a partir desta sexta-feira, no Rio. No fim da tarde de hoje, o dirigente confirmou que estará fora da cidade no mesmo dia, mas não quis dizer se o destino é a capita carioca, onde estão Luxemburgo e sua família.
Citadini não quis falar sobre as chances de Luxemburgo voltar ao Corinthians, mas também não disse que não há chances. O vice-presidente não quis ser categórico o bastante para descartar a contratação do técnico. "Isso eu não posso fazer."