São Paulo - Atuações de Rogério Ceni e Sérgio, ambos em ótima fase, podem definir a partida deste sábado no Pacaembu.
São Paulo - Os grandes destaques do clássico entre São Paulo e Palmeiras, sábado, às 16h, no Pacaembu, pelas oitavas-de-final da Copa João Havelange, não serão os jogadores de linha mas sim os goleiros Rogério Ceni e Sérgio, fato raro no futebol brasileiro.
Batedor oficial do São Paulo, o goleiro titular e agora capitão da seleção brasileira terá uma grande chance de se consagrar, fazendo gol numa partida decisiva, fato que ocorreu apenas uma vez em sua carreira, contra o Santos, na final do Campeonato Paulista deste ano. O Palmeiras é um dos times que mais fazem faltas na competição, tem uma média de 30 por partida, e, por isso, crescem as possibilidades do goleiro-artilheiro do Tricolor.
"Atualmente, quase todas as partidas estão sendo decididas em bolas paradas e as possibilidades de ocorrer isso no clássico são grandes, porque as duas equipes marcam muito e dificultam a penetração dos atacantes", diz.
O recorde de gols de Rogério em uma partida ocorreu no Paulista do ano passado, quando marcou dois contra a Internacional de Limeira, no interior. Fez um de falta e outro de pênalti.
Não está preocupado, no entanto, em repetir a façanha, até porque a partida desta tarde promete ser muito mais difícil, mas sabe que poderá ter diversas oportunidades. "O Palmeiras tem feito muitas faltas, mas, de repente, passa a partida toda sem fazer nenhuma perto da área." É justamente essa a preocupação do palmeirense Sérgio, que sabe do talendo de Rogério em cobranças de falta. O são-paulino já fez 19 gols na carreira.
A precisão nas bolas paradas não são, contudo, privilégio do Tricolor. O Alviverde tem o lateral-direito Arce, que vem preocupando demais o técnico Levir Culpi e seus jogadores.
Dos pés do jogador paraguaio surge a maioria dos gols palmeirenses. "Precisamos evitar as faltas perto da área", diz o zagueiro Wilson, tentando encontrar o antídoto. Ele substituti Rogério Pinheiro, machucado. "O Arce cruza com força e dificulta o trabalho do zagueiro. Por isso, teremos de nos posicionar bem para não sermos surpreendidos", completa o Jean, que permanece no lugar de Ayala, que se recupera de contusão.
Jean e Wilson jogaram juntos em apenas uma partida inteira. Foi contra o Gama, em Brasília, no dia 24 de setembro. Eles garantem, porém, não ter problema de entrosamento.
Sérgio dá a volta por cima no gol do Palmeiras
Assim como o Palmeiras, o goleiro Sérgio também pode afirmar que deu a volta por cima na Copa João Havelange. Revelado no próprio clube, ele nunca se havia firmado no time e, por algumas vezes, foi até considerado "moeda de troca" pela diretoria. Nesta Copa João Havelange, no entanto, após a cirurgia do então titular, Marcos, ele ganhou a posição e, além de ter mantido uma seqüência de boas atuações, transformou-se em um dos principais líderes da equipe.
O próximo passo? Como não poderia deixar de ser, ele já sonha com a seleção brasileira. "Uma convocação, nem que fosse para terceiro goleiro, já iria coroar meu trabalho. Durmo sempre pensando nisso."
O goleiro sabe que dificilmente seria titular, ressaltando que o são-paulino Rogério tem a confiança do técnico Leão. Aos 30 anos, Sérgio vive um momento típico de um jogador amadurecido. O Palmeiras já o emprestou diversas vezes. Passou pelo Flamengo, Portuguesa e Vitória, mas sempre retornou ao clube que o lançou.
A paciência é uma marca em sua carreira. Foi reserva de vários goleiros que se consagraram no clube. Nunca se queixou, mantendo até relações de amizade com seus rivais.
No início da Copa João Havelange, o goleiro conquistou a confiança de seus jovens companheiros, com declarações de incentivo ao grupo. Agora ele mantém o discurso e não se preocupa com a ausência do artilheiro Tuta diante do São Paulo. "Nosso grupo está todo preparado, não depende muito das individualidades."
Faltas - Para a partida deste sábado, Sérgio admite que a possibilidade de tomar um gol de falta do goleiro Rogério o preocupa. "Para nossa posição, é pior levar um gol de um goleiro," observou. "Mas outros já sofreram e, no São Paulo o Rogério é o melhor cobrador," prosseguiu, num tom de conformismo. "Se eu não pegar, méritos para ele", finalizou.
Sérgio revelou ainda que já pensou em cobrar faltas, mas sabe que agora é tarde para realizar este sonho. "Não se consegue da noite para o dia, o Rogério tem méritos porque treinou muito para atingir esse nível."