São Paulo - A bagunça em que se encontra o futebol feminino chegou também à seleção brasileira. Foi criado um impasse para saber quem será o novo treinador. Técnicos e dirigentes não entram em acordo e quem perde é a modalidade, bastante desgastada após a Olimpíada de Sydney.
Uma das pessoas responsáveis pela organização do esporte no País e à frente da seleção desde 1995, Zé Duarte, comandante do time na Austrália, afirma não ter sido comunicado de seu desligamento. Auxiliar-técnico em Sydney, Wilson Riça, o Wilsinho, garante ser o treinador. Luiz Miguel de Oliveira, diretor da comissão de futebol feminino da Fifa, diretor da Conmebol e responsável pela categoria junto à CBF, é diplomático ao dizer que o nome do novo comandante não foi escolhido.
"A seleção foi desfeita após a volta de Sydney, quando todos deixaram de ser funcionários da CBF", disse Zé Duarte. "No entanto, nenhum membro da entidade me comunicou de que eu não seria mais o treinador. Portanto, aguardo pelo convite, para uma próxima competição."
Ele prefere não comentar sobre um possível desentendimento com Wilsinho. Se não ficar na seleção, afirma, vai continuar torcendo e incentivando as atletas. "A categoria é amada e odiada. Nos isolamos fora da seleção, mas nos unimos quando trabalhamos juntos."
Enquanto Zé Duarte vive uma incerteza, Wilsinho não tem dúvidas e chega a garantir ser o técnico. "Já conversei com o Luiz Miguel e ficou tudo acertado entre nós. Vou inclusive levar toda a minha comissão técnica (da Portuguesa) para a seleção."
Confiante, afirma estar projetando a reformulação da seleção e começando a observar jovens revelações, pensando no Mundial Sub-19, em 2002, na China.
"Na minha análise, é preciso reformular. As `veteranas' estão fora. Vou começar do zero, com jovens."
Desmentindo o que disse Wilsinho, Luiz Miguel garante: "Não temos treinador, são apenas boatos. Os contratos com técnicos são feitos por competição e como a próxima atividade da seleção será só no segundo semestre, terei tempo para escolher."
A principal tarefa de Luiz Miguel, no momento, é salvar o futebol feminino.
Ele participará de reunião com membros da CBF, amanhã, onde vai propor que os clubes de primeira divisão criem a modalidade feminina. "Nossa seleção faz sucesso fora do País e aqui, nem times temos", reclama. "Pretendo sensibilizar os dirigentes para termos representantes", completa. "Nos equiparamos a potências, como China, Noruega e EUA.
Necessitamos de uma profissionalização, com treinos duas vezes por dia, assistência médica e tudo mais."