São Paulo - As portas do Corinthians estão fechadas para o técnico Wanderley Luxemburgo. Não será no Parque São Jorge que o treinador, denunciado pela estudante de direito Renata Carla Alves de obter lucro na compra e venda de jogadores consumo de drogas, sonegação fiscal, além do processo que responde por ter alterado a idade, vai voltar a trabalhar no futebol.
"O Wanderley Luxemburgo não. Eu não quero que o Corinthians vire foco da CPI. E isso certamente iria acontecer se nós o contratássemos", afirmou o presidente do Corinthians Alberto Dualib, na manhã deste domingo.
"Além disso, o próprio Luxemburgo já disse que não quer voltar a trabalhar como técnico agora", conclui Dualib.
O dirigente não está blefando. O argumento de que ao reconduzir Wanderley Luxemburgo à função de técnico neste momento em que ele está encurralado pela Justiça e as CPIs a imagem do Corinthians ficaria manchada é verdadeiro. Dualib, ao contrário de alguns membros da diretoria corintiana e até mesmo do comando da patrocinadora do clube, a Hicks Muse, que seriam favoráveis à volta do treinador ao Parque São Jorge, não quer mesmo ser o responsável pela volta do treinador. E tem um outro motivo para pensar desta maneira.
Quando ele, Dualib, demitiu o técnico Oswaldo de Oliveira e logo em seguida mandou embora o preparador físico Antonio Mello e o treinador de goleiros Paulo César Gusmão, que pertenciam à comissão técnica de Luxemburgo na seleção brasileira, o dirigente foi criticado pelo treinador.
"Demitir a comissão técnica da seleção brasileira não é uma atitude muito inteligente", afirmou Wanderley Luxemburgo na época. O desabafo chegou aos ouvidos de Dualib, que não gostou. Depois, quando Candinho foi contratado, Dualib concordou em trazer Antonio Mello de volta, mas não esqueceu as críticas de Luxemburgo.
Com o veto de Alberto Dualib a Wanderley Luxemburgo, a vaga para treinador no Corinthians continua aberta. Daniel Passarella, o argentino que dirige a seleção uruguaia, e Carlos Bianchi, do Boca Juniors, foram nomes comentados no Parque São Jorge e, principalmente pelos norte-americanos da Hicks Muse. Dualib não acredita que isso seja possível.
"Técnico estrangeiro é complicado. Além da dificuldade que teriam de adaptação, eles são caros", avisa o presidente corintiano, que foi homenageado em Glicério, cidade onde nasceu, e em Penápolis, no interior do Estado neste Sábado.
Caso não consigam mudar a opinião de Alberto Dualib em relação à contratação de Wanderley Luxemburgo, ou de um dos dois dos argentinos Daniel Passarella e Carlos Bianchi, a Hicks Muse e Antônio Roque Citadini, vice-presidente de futebol, terão de encontrar um nome de consenso.
Neste caso, Levir Culpi, que tem poucas chances de renovar contrato com o São Paulo, e Oswaldo de Oliveira, do Vasco, seriam as opções. A situação também está indefinida quando à contratação de um gerente de futebol que, segundo Antônio Roque Citadini, acabaria com os "poderes absolutos" que os técnicos que dirigem o Corinthians detém atualmente.
Paulo Angioni, desafeto de Wanderley Luxemburgo - o que serve para confirmar que Luxemburgo está descartado - é o nome preferido por Dualib. "Já falei com o Angioni, mas ele disse que não pode sair do Fluminense. Existe uma carência muito grande de bons profissionais para esta função. Por isso que o pessoal do vôlei tomou conta desta área", disse Dualib, referindo-se a José Roberto Guimarães, da Hicks Muse, e Bebeto de Freitas, que saíram do voleibol para serem gerentes de futebol.