São Paulo - É com muito orgulho e emoção que o técnico Zé Duarte vê seus dois ex-pupilos se enfrentando neste domingo, no Palestra Itália, pelas quartas-de-final da Copa João Havelange. Marco Aurélio, técnico do Palmeiras, e Jair Picerni, treinador do São Caetano, foram craques da Ponte Preta, em 1977, sob seu comando.
A equipe de Campinas foi vice-campeã paulista ao perder a decisão para o Corinthians, que quebrou, na época, o jejum de 22 anos sem títulos. "Meu coração vai estar dividido. Vou torcer para os dois", disse o veterano treinador de 65 anos, comandante da seleção de futebol feminino que disputou a Olimpíada de Sydney. "Só um deles vai passar, mas ninguém vai sair perdedor, eles já são vencedores”.
Falar de Marco Aurélio e Jair Picerni dá uma grande saudade em Zé Duarte dos tempos em que a Ponte montou um dos melhores times do futebol brasileiro. A escalação sai numa fração de segundos. "Que equipe era aquela. Só tinha feras: Carlos, Jair, Oscar, Polozi e Odirlei; Vanderlei, Marco Aurélio e Dicá; Lúcio, Rui Rei e Tuta”.
Zé Duarte enfatizou que era um time tão bom que quase todos os jogadores depois viraram técnicos. Ele lembrou que apenas o ponta-direita Lúcio não mexe atualmente com futebol. O ex-atacante é funcionário do Detran de Cuiabá (MT). Mas os outros estão "metidos’’ com o esporte. Além de Marco Aurélio e Jair, Carlos, Oscar, Tuta, Vanderlei e Polozi são treinadores profissionais. Dicá é coordenador de Futebol da Ponte e do Radium, de Mococa, um time da B2 paulista; Odirlei tem uma escolinha de futebol e Rui Rei é supervisor de um clube no Rio. "Isso para mim é uma grande satisfação. É prova que eu passei alguma coisa boa para eles, principalmente a honestidade, a sinceridade, que são a base do meu trabalho", disse.
Zé Duarte foi responsável pela contratação de Marco Aurélio e de Jair pela Ponte. O time que brilhou em 77 começou a ser montado dois anos antes. Ele foi buscar o meia Marco Aurélio no Noroeste, de Bauru, após ouvir a opinião do "olheiro" Bolão.
Marco Aurélio saiu do Fluminense, clube no qual era reserva de Rivelino, para atuar no futebol do interior paulista. No mesmo ano, Zé Duarte indicou a contratação do lateral-direito Jair Picerni, que estava no Paulista de Jundiaí. "Em campo eram líderes, tinham noção de esquema tático. Por isso, o sucesso deles como treinadores não me surpreende", disse o treinador, que aguarda propostas para voltar a trabalhar com o futebol masculino. "Infelizmente, o feminino está sem apoio."