São Paulo - Gustavo Kuerten tornou-se neste domingo o primeiro brasileiro na história a assumir a liderança da Lista de Entrada, o ranking do tênis profissional. Em uma apresentação excelente, Guga venceu o norte-americano Andre Agassi por 3 sets a 0, com triplo 6/4, conquistou a Masters Cup de Lisboa e ultrapassou o russo Marat Safin, eliminado nas pelo próprio Agassi nas semifinais, e que liderava o ranking até então.
O brasileiro tornou-se o 18° jogador a liderar a Lista de Entrada, igualando-se a talentos como Ilie Nastase, Jimmy Connors, Bjorn Borg, Andre Agassi, Boris Becker, Stefan Edberg e Pete Sampras.
Guga tornou-se também o primeiro sul-americano a terminar o ano na liderança da lista.
Guga mostrou superioridade durante a maior parte do jogo. O primeiro set começou com Guga quebrando o saque do americano logo no
primeiro game. No quarto game, entretanto, Guga pôde sentir que a partida
seria extremamente difícil. Agassi teve quatro break points a seu favor, mas
Guga conseguiu salvar todos apoiando-se em seu ótimo saque, que mais uma vez
se mostrava uma boa arma em momentos difíceis.
No quinto game Guga teve mais um break point, mas o americano salvou e se
manteve com apenas uma quebra de desvantagem na partida, que estava 3 a 2
para Guga, mas com o brasileiro sacando. No começo do sexto game a sola do
tênis direito de Guga se soltou, e Larri Passos foi buscar no vestiário um
novo par para o brasileiro. Guga continuou jogando bem e se impondo em seus
games de saque. Com muita tranqüilidade o brasileiro venceu o set por 6 a 4
em 41 minutos. A superioridade de Guga se mostrou no número de aces (7 a 3)
e de winners (14 a 3) a seu favor.
O segundo set começou como o primeiro: com Guga pressionando o saque de
Agassi e tendo um break point a seu favor. Dessa vez, entretanto, Agassi
salvou e confirmou seu serviço. A tônica da partida se mantinha a mesma do
primeiro set: equilíbrio total, com ambos conseguindo break points
consecutivos. O set seguiu sem quebras até o quinto game, quando Guga
conseguiu quebrar o saque de Agassi, abrindo 3 a 2.
O norte-americano se mostrava irritado tanto com seus erros quanto com a
variação de jogo de Guga, que não lhe deixava confortável na partida. Agassi
não sabia o que esperar de Guga em cada ponto disputado. Aproveitando-se
disso, o brasileiro sacava e voleava nos pontos decisivos e trocava bolas no
fundo da quadra durante os games de serviço do americano, o que deixava
Agassi confuso em quadra. Tanto que, ao final do sétimo game, ao empatar em
40 a 40, Agassi achou que tinha fechado o game e se encaminhou para o banco.
Alertado pelo árbitro, o americano voltou para continuar a disputa e, após
salvar dois break points, fechar o game.
Guga seguiu em vantagem no set até o décimo game, quando liderava por 5 a 4
e sacava para fazer dois a zero na partida. Mesmo sacando bem, Guga teve
pela frente uma grande resistência de Agassi, que conquistou um break point.
Mas Guga valeu-se de seu saque e, além de salvar o break point, conquistou,
com um ace, o segundo set, fazendo 6 a 4 em 38 minutos.
O terceiro set começou equilibrado, mas Agassi teve a chance de quebrar o
saque de Guga no segundo game. Guga salvou e fez 1 a 1, sempre calcado no
ótimo saque, que dificultava até mesmo a poderosa devolução de Agassi, tida
como uma das melhores (se não a melhor) do circuito internacional. No quinto
game Guga executou duas paralelas seguidas que desconcertaram Agassi e dera
a Guga dois break points. Agassi salvou um, mas cometeu uma dupla falta
bisonha e deu a Guga a vantagem de 3 a 2 no set.
Confirmando seu serviço e fazendo 4 a 2, Guga ficou a dois games de
conquistar a Masters Cup. Agassi já não mostrava tanta agilidade e
mobilidade em quadra quanto no início da partida. Guga manteve a vantagem no
set até o décimo game, quando sacou para fazer 6 a 4 em 39 minutos e fechar
a partida, conquistando o título histórico e comemorando muito com a torcida
e com sua mãe, que o apoiaram desde o começo do torneio.
Guga fez em 2000 a melhor temporada de sua carreira. Alcançou a marca de cinco títulos conquistados, sendo um deles de Grand Slam, com o bicampeonato de Roland Garros.
Além disso, mostrou ainda sua adaptação aos vários pisos do circuito internacional, ao erguer o troféu no ATP Tour de Indianápolis, jogado em quadras rápidas.
Três dos títulos saíram de seu terreno preferido, o saibro. Ganhou o ATP de Santiago, depois em Hamburgo, numa final memorável contra Marat Safin, decidida em cinco sets, levantou também o troféu dos Mosqueteiros em Roland Garros, na confirmação de ter se transformado num dos maiores tenistas do mundo.
Com estas conquistas e campanhas brilhantes em outras competições, Guga firmou-se como o melhor jogador da temporada de 2000. Nenhum outro tenista ficou tanto tempo na liderança do ranking da Corrida dos Campeões. Foram 17 semanas, não consecutivas, contra 11 de Andre Agassi, o segundo colocado.
O troféu de Indianápolis foi também importante para mostrar a maior versatilidade de Guga. Afinal, jamais havia vencido um torneio em quadras rápidas. Tinha estado nas decisões do Masters Series de Montreal, em 1997, e ainda em 2000 no Ericsson Open de Miami. Mas, o título só veio mesmo numa competição um pouco menor em premiação.