Porto Alegre - Decidido a ajudar de qualquer maneira o seu time na luta por uma vaga à semifinal da Copa João Havelange, um grupo de fanáticos torcedores do Sport decidiu fazer vigília. Tudo bem, não fosse a decisão sumária de também impedir o Grêmio de dormir.
Rojões espocaram durante toda a noite na praia de Boa Viagem, em frente ao hotel Sheraton, onde o Grêmio se hospedou em Recife. A vidraça de um quarto no terceiro andar foi atingida, deixando a janela totalmente destruída.
A janela do apartamento 310 –ao lado do quarto do massagista Zezinho– ruiu como se fosse castelo de areia por volta de 2h30. Os torcedores acendiam os foguetes e, em seguida, corriam para se esconder. Um deles, em vez de ir para cima, perdeu o rumo e estilhaçou o vidro. Os torcedores não foram detidos pela polícia. O objetivo de impedir o sono dos jogadores e comissão técnica era tal que a operação tinha alguns requintes. A bateria de rojões explodia em períodos de tempo regulares. Era o intervalo suficiente para, depois do súbito despertar com a barulheira, pegar no sono novamente. Então, lá vinham os foguetes outra vez para mais um susto.
"Eu demoro a domir mesmo, nem liguei. O Itaqui é que acordou assustado. Mas foi só o tempo de dar uma viradinha e dormir de novo", disse Rodrigo Mendes, o parceiro de quarto.
A madrugada de domingo foi agitada, é verdade. Mas a tarde de sábado deixou os nervos da delegação gremista em frangalhos. Quase todos rumaram para os quartos às 16h, dispostos a ver Internacional e Cruzeiro pela TV. Uma boa medida para saber quem havia feito gol era observar as janelas dos quartos, todos de frente para a piscina. A cada gol do Cruzeiro, era uma gritaria só. Alguns vinham até a janela informar da boa nova para quem estivesse embaixo, balançando as cortinas de felicidade. Quando eram do Inter os gols, silêncio absoluto. Não raro, apenas informavam a mudança no placar com os dedos, sem um ruído sequer.