São Paulo - Adhemar havia prometido aos amigos que depois de convertido evangélico, controlaria o gênio. Ainda mais agora que seu nome estava lado a lado com Romário, brigando pela artilharia da Copa João Havelange. Ele já tem 19 gols e contrato acertado com o Flamengo. Mas o `baixinho', como é conhecido no São Caetano, não se conteve ontem e cometeu o pecado que comprometeu todo o seu time. Depois de haver marcado dois gols, procurou a expulsão infantil ao jogar a bola no chão, reclamando asperamente com o fraco árbitro Alfredo Loebeling depois de sofrer uma falta de Gilmar, aos 24 minutos do segundo tempo. Era a terceira expulsão no campeonato.
"Foi a expulsão que mais me machucou na carreira. Não consegui me conter.
Tomei muito pontapé. E o pior é que se eu continuasse no campo sabia que poderia marcar até mais gols. Estava dando tudo certo para mim. Sofri tanto para conseguir ser reconhecido no futebol brasileiro e coloquei tudo a perder. Espero que a diretoria do Santo André trabalhe bem nos bastidores. Mas desconfio que estou morto", reconhecia, tenso.
A estratégia do São Caetano será inédita para defender o seu problemático artilheiro. O advogado João Zanforlin foi instruído para tentar a antecipação do julgamento pela expulsão de Adhemar. A Diretoria torce que, por ser a sua terceira expulsão, ele receberá uma punição grande, algo como seis partidas. Então, entrará com um pedido de efeito suspensivo - que só pode ser dado para punições superiores a dois jogos. Tudo isso nos cinco dias que antecedem a segunda partida contra o Palmeiras, no sábado.
"Meu medo é que o São Caetano já incomodou muita gente e é um clube pequeno.
Se eu estivesse em um clube grande, já estaria tranqüilo.Tudo é duro para time que está atrapalhando os grandes", desabafa Adhemar.
Revolta - O atacante reconhece que tudo estava indo bem demais para o São Caetano. "A diferença de gols poderia ser maior se o juiz me deixasse em campo. Eu reclamei, mas não merecia ser expulso. Se ele for homem, o Loebeling tem de escrever no seu relatório que eu não falei nada. Seria bom também que explicasse por que não expulsou o Galeano, que cansou de dar pontapés. Mas ele é uma `mala', vai me prejudicar. Bom que deu tempo para fazer meu sexto gol de falta e o 13º com a bola rolando."
Adhemar está vivendo o melhor momento de sua carreira. "Sempre joguei isso aí. O problema é que os treinadores olhavam antes para o nome. Amarguei a reserva do Túlio. Mas ainda dá tempo para brigar pelo espaço que mereço."
"O presidente Edmundo Santos Silva é candidato à reeleição no Flamengo e já chegou até a acertar o contrato com o Adhemar. E sem a gente saber de nada.
Mas não será tão fácil assim. Tem outros clubes interessados, vamos ver qual será a melhor proposta", adverte o vice-presidente de Futebol do São Caetano, Luiz de Paula.
Mais ansiosos do que Flamengo e Portuguesa, que duelam pelo jogador, apenas dois produtores de televisão, que quase se espancaram para levá-lo aos seus programas de futebol. Sorrindo satisfeito, Adhemar acalmava: "Calma, vou nos dois. Calma, calma."
Nada mal para quem no ano passado só batia palma para o limitado Túlio, do banco de reservas.