São Paulo - - O dono da empresa Traffic Marketing Esportivo, José Hawilla, disse em depoimento à CPI do Senado na quinta-feira que a Traffic já intermediou cerca de 200 milhões de dólares para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) entre contratos iniciados em 1994.
Ele explicou que somente com a Nike, em 1997, foi assinado o compromisso de 160 milhões de dólares para que a Traffic explore o direito de imagem e painéis publicitários durante as eliminatórias das Copas do Mundo de 2002 e 2006, informou a Agência Senado.
Hawilla revelou que os contratos são prorrogáveis automaticamente até 2014. ``A CBF vai receber valores antecipados, o risco é todo nosso'', afirmou.
O empresário disse ainda que o futebol mundial movimenta cerca de 250 bilhões de dólares por ano, sendo que cerca de 2,5 bilhões desse montante circulariam no Brasil. Ele avalia que a renda média da CBF ao ano é de 16,5 milhões de dólares.
No começo da sessão, Hawilla colocou seu sigilo fiscal e bancário à disposição da CPI dizendo que quer colaborar com o trabalho da comissão, que investiga irregularidades no futebol.
A CPI do Futebol aprovou na quinta-feira requerimento que solicita as cópias das declarações de imposto de renda da empresa de material esportivo Nike e da Traffic, relativos aos anos base de 1998 e 1999. A Traffic está sendo investigada por ter ganho comissão no valor de 10 milhões de dólares pelo agenciamento de contrato entre a CBF e a Nike.
Ao final da reunião da CPI do Futebol, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) concluiu que, constatado oficialmente o volume de capital que o futebol brasileiro movimenta, ``torna-se mais que
necessária a investigação dos contratos da Confederação Brasileira de Futebol (CBF)''.
Segundo Dias, presidente da CPI, e o relator, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), Hawilla respondeu com clareza as perguntas, deixando para o presidente da CBF, Ricardo Teixeira as questões pendentes.