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São Caetano deita no "divã" de Picerni
Quinta-feira, 07 Dezembro de 2000, 21h06

Atibaia - O Palmeiras não é a única preocupação do São Caetano durante o período de preparação para o segundo jogo das quartas-de-final da Copa João Havelange, no sábado. Além dos tradicionais trabalhos tático, técnico e físico, a comissão técnica está dedicando atenção especial ao aspecto psicológico.

O objetivo é evitar que a empolgação excessiva comprometa a concentração do grupo. As várias opções de resultado favoráveis - como garantir a vaga com um empate - estão preocupando o técnico Jair Picerni. "Só clube grande sabe jogar com o regulamento", afirmou. "Nós, não!"

A saída encontrada foi desenvolver um trabalho psicológico com o grupo, comandado pelo próprio treinador. Picerni tenta convencer os jogadores de que a melhor forma para avançar na competição é ignorar a vantagem. "Vamos partir do zero, como se apenas a vitória nos garantisse na próxima fase." Picerni entende que a presença de um especialista na área não é fundamental para trabalhar o grupo psicologicamente. O treinador diz acreditar que a experiência que adquiriu como jogador e em quase 20 anos como treinador é suficiente para saber dirigir-se ao elenco.

Um dos alvos do técnico é a "língua" dos atletas. Ele quer evitar que a boa fase e o sucesso decorrentes das apresentações do time contribuam para que seus jogadores falem mais do que o necessário. "Empolgação é muito bom nessa hora, mas na dose certa", observou. "Não podemos correr o risco de falar alguma coisa que sirva para motivar o adversário."

Segundo Picerni, percebe-se o excesso quando o atleta começa a dar "toquinhos" displicentes na bola durante os treinamentos.

Ajuda - Um dos engajados no sistema de Picerni é o preparador físico Flávio Oliveira. Com sua metodologia de trabalho baseada na motivação, ele ganhou a confiança dos jogadores e passou a atuar como espécie de conselheiro do grupo. Para ele, é natural que os atletas mantenham certa distância em relação à pessoa que ocupa o cargo de treinador por simples questão de hierarquia. "É nessa hora que a gente entra para tentar contornar os problemas", disse.

Oliveira exemplifica o resultado do trabalho mencionando a forma como o time está atuando fora de casa. O clima de amizade e confiança introduzido no grupo é apontado como o responsável por exorcizar o "fantasma" de time pequeno. "Cansamos de ouvir que tremeríamos ao entrar no Maracanã ou que não conseguiríamos render o mesmo na fase decisiva. O resultado está aí", afirma o preparador físico.

Agência Estado


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