Belo Horizonte - O Cruzeiro tem hoje, na Toca da Raposa, uma verdadeira “legião estrangeira". Dos 11 titulares apenas três são nascidos em Minas Gerais _ Ricardinho e Geovanni são os únicos legítimos prata da casa, já que o zagueiro Cléber começou sua carreira no Atlético, mas passou vários anos afastado do futebol mineiro, quando atuou na Espanha e, até 1999, no Palmeiras.
Mas, nem por isso, essa “legião estrangeira" se transformou numa Torre de Babel. Pelo contrário. Pelo menos por enquanto os jogadores falam a mesma língua, com planos e objetivos bem definidos.
Exemplo dessa integração, o apoiador Sérgio Manoel, que veio do Botafogo, do Rio, em agosto, e hoje é um dos destaques na campanha do Cruzeiro na Copa João Havelange. Para ele, a convergência de objetivos contribuiu em grande parte para o sucesso do time. “Aqui, na Toca da Raposa, todos têm uma meta: a conquista de títulos, a começar pelo Brasileiro deste ano. Isso acaba facilitando o entrosamento do grupo", acentua o apoiador, nascido em Santos, em São Paulo.
Ele conta que também conhece o outro lado da moeda. Participou de outros grupos que não tinham a mesma meta. “Acaba sendo mais difícil a adaptação e, desta forma, a 'legião estrangeira' acaba ganhando o tom pejorativo", diz o jogador. Sérgio Manoel acredita, porém, que essa situação é atualmente corriqueira no futebol. “Hoje, existe um grande intercâmbio entre os times. Por isso, é natural que equipes, como o Cruzeiro, tenham hoje em seu elenco jogadores de diversas partes do Brasil e do exterior".
Crescimento
O zagueiro Marcelo Djian aponta o crescimento do Cruzeiro como um fator importante para a contratação de jogadores de outros estados e até mesmo do exterior, casos do argentino Sorín e do colombiano Viveros. “É um clube com boa infra-estrutura e que possibilita bons trabalhos. Basta olhar para trás para ver que o Cruzeiro, nos últimos anos, está disputando quase todas as finais", diz.
Ele explica, no entanto, que, além do trabalho da diretoria, os treinadores têm sua importância. Sobretudo na escolha de profissionais corretos e experientes. “No grupo do Cruzeiro não existe um profissional desagregador. E, mesmo com diversas culturas e experiências, o grupo consegue se unir nos momentos mais delicados", assegura o zagueiro, que atuou quatro anos no Lyon, da França, antes de vir para o Cruzeiro, em 1997.
O colombiano Viveros encontra uma explicação para a integração do grupo. “Na Toca existem jogadores que já atuaram no exterior e quando chega um estrangeiro como eu ou de outra localidade acabam ajudando. Porque sabem bem a experiência que tiveram e, desta forma, contribuem para maior aproximação entre os jogadores", ressalta. Por ora o Cruzeiro está desmistificando a idéia da “legião estrangeira" de muita confusão e nenhum entendimento.