Porto Alegre - Reagindo às declarações do técnico do Cruzeiro, Luiz Felipe Scolari, em relação ao seu treinador, Celso Roth, e ao Grêmio, o vice-presidente de futebol do clube, Vicente Martins, chamou Felipão de "admirador" do ex-ditador chileno Augusto Pinochet". Scolari disse que, se o Cruzeiro vier a se encontrar com o Grêmio na final da Copa João Havelange irá "dividir no pescoço". Foi o que afirmou ao jornal Zero Hora, da capital gaúcha.
Nesta sexta-feira, o mesmo jornal publicou matéria em que Martins, depois de observar que Scolari tem o direito de defender suas convicções, rebateu no mesmo nível: "(Scolari) já fez isso com relação ao ditador Augusto Pinochet, de quem é admirador. Ele tem o direito de gostar de ditadores".
O jornal recordou que, em 1998, Felipão manifestou certa simpatia pelas ações do ex-ditador chileno, acusado de genocídio. Para o técnico, hoje no Cruzeiro, Pinochet teria feito, no máximo, "uma retaliaçãozinha" contra seus adversários. No período Pinochet, iniciado com o golpe de Estado de 1973 contra o presidente eleito Salvador Allende, milhares de pessoas foram perseguidas e torturadas e muitas delas acabaram assassinadas.
As escaramuças de Scolari com o Grêmio começaram na fase anterior quando o técnico irritou-se com uma opinião de Roth. Ao participar do programa Super Técnico, da TV Bandeirantes, Roth foi indagado sobre quem seria o favorito entre Cruzeiro e Internacional para seguir adiante na João Havelange. Sua resposta de que seria o Cruzeiro desgostou Felipão, que retrucou acima do tom. Deu entrevistas chamando o técnico gremista de "falso malandro", acusando-o de menosprezar o Inter, clube que o projetou, e demonstrando um aborrecimento surpreendente. Questionado, Roth procurou sempre esvaziar a discussão, assegurando ser amigo de Felipão e defendendo seu direito de gostar ou não das declarações.
Felipão provocou, porém, novo desconforto. Para alfinetar o provável adversário - do qual continua tendo a admiração da torcida e que levou à várias conquistas nacionais e internacionais de 1994 a 1996 - o gremista assumido Scolari disse que gostaria de, no futuro, treinar a equipe do Beira-Rio, por quem torce sua mulher, Olga. E, no caso de uma final contra o ex-clube, advertiu que dividirá "no pescoço".
Amigos e ex-comandados de Felipão, que continuam no Olímpico, caso dos jogadores Paulo Nunes e Roger, e do preparador físico Paulo Paixão, minimizaram o impacto do palavreado de Scolari, argumentando que esta é uma forma que o técnico usa para estimular seu time.
Zinho continua em tratamento médico e os demais jogadores apenas treinam à espera de São Caetano ou Palmeiras. Os gremistas estão divididos sobre para quem devem torcer. Boa parte acha que o Palmeiras deve ganhar porque, assim, o Grêmio já estará garantido na próxima Copa Libertadores da América. Outros torcedores acham que o time chegará à final da Copa João Havelange superando qualquer dos dois adversários - e portanto também à Libertadores - mas que o São Caetano seria menos complicado de enfrentar.