Porto Alegre - Luiz Felipe Scolari jura que ainda continua o mesmo gremista dos tempos de criança, em Passo Fundo. Mas a torcida tricolor deve rezar para não cruzar com o Cruzeiro na final do Nacional.
“Seria maravilhoso fazer uma final contra o Grêmio. E já aviso: vou dividir com eles no pescoço”, afirmou o treinador do Cruzeiro, revelando, também, seu desejo de um dia trabalhar no Inter.
Nem os fãs mais ardorosos de Luiz Felipe escondem o constrangimento que suas últimas declarações vêm produzindo. Revoltado com uma entrevista de Celso Roth ao programa Super Técnico, da TV Bandeirantes, em que este apontara o Cruzeiro como favorito no confronto contra o Inter, Felipe disse que se tratava de uma “grande bobagem”. As críticas tornaram-se mais ácidas após o jogo dramático do Mineirão.
Felipão usou palavrões para referir-se ao técnico do Grêmio.
“Fiquei irritado porque ele não respondeu de forma convicta, só quis satisfazer o apresentador do programa (Milton Neves)”, disse. “– Mesmo sendo funcionário do Cruzeiro, eu sempre defendo o Atlético e o América. É aqui que eu como. Ele não ficaria mal com a torcida do Grêmio se defendesse o Inter. Foi lá que ele recebeu as primeiras oportunidades como técnico.”
Felipão e Roth ainda trocam telefonemas, quando precisam de informações sobre jogadores ou times adversários. Mas os contatos não vão além disso, uma situação muito distante da vivida em 1987, quando os dois trabalharam juntos no Grêmio.
O vínculo de Felipão com o Grêmio é cada vez menor. Limita-se a poucas conversas com o superintendente Antônio Calos Verardi, com os preparadores físicos Paulo Paixão e Mauro Cruz, médicos e alguns funcionários. Não há aproximação com os dirigentes. Mas o técnico garante que a demissão do preparador físico Darlan Schneider, seu sobrinho, referendada por Roth em 99, não azedou a relação com o clube.
“Cada treinador tem o direito de trabalhar com o preparador físico que quiser”, disse o técnico do Cruzeiro, acrescentando que Schneider permaneceu em Belo Horizonte por ter sido campeão da Copa do Brasil este ano, e não pelo parentesco ilustre.
Cada vez mais longe do Olímpico, Felipe não nega que, no futuro, possa parar no Beira-Rio. Uma situação que faria a felicidade completa de sua mulher, Olga, colorada fanática, que ainda lamenta a falha de Leandro Guerreiro no jogo do último sábado.
“Quem sabe um dia eu vá para o lado vermelho, satisfazendo a parte feminina da família?”, disse o treinador, revelando que Perondi iria convidá-lo oficialmente caso fosse eleito presidente.
“Aquela imagem dos 40 mil colorados gritando e cantando no Beira-Rio, mesmo abaixo de chuva, me arrepiou”, falou Felipão, lembrando o empate por 1 a 1 de Inter e Cruzeiro, no dia 29 de novembro.