Belo Horizonte e Rio - A partida entre Cruzeiro e Vasco, pelas semifinais da Copa João Havelange, foi adiada por uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho do Rio (TRT). A juíza da 19ª Vara do TRT, Gisele Bondim, acatou pedido de liminar do Sindicato dos Jogadores Profissionais do Rio, representando os atletas vascaínos. Para tomar esta medida, os jogadores foram incentivados pelo presidente eleito do Vasco, Eurico Miranda.
Apenas se a liminar for cassada haverá a possibilidade remota de o jogo ocorrer. O Clube dos 13, por meio de seu presidente, Fábio Koff, tinha garantido, na terça-feira, que iria aceitar a decisão da Justiça, mas a entidade vai recorrer e tentar a realização da partida.
A liminar é baseada na lei trabalhista que regulamenta o exercício da profissão de jogador de futebol. Pela legislação, um jogador não pode atuar com um intervalo menor do que 66 horas. Como jogou na terça-feira contra o Palmeiras, pela final da Mercosul, o Vasco voltaria a jogar com apenas 48 horas de intervalo se a partida não fosse adiada.
"Apenas pedimos que fosse repeitada a lei", afirmou o presidente do sindicato, Alfredo Sampaio. Na segunda-feira, ele foi procurado por Romário, que representou os jogadores vascaínos.
"Consultamos o sindicato para sabe quais são as leis, se tivermos direito, não vamos jogar", afirmou o atacante Romário, garantindo que os jogadores foram os responsáveis pela iniciativa. "Não queremos atrapalhar ninguém, apenas procuramos nossos direitos."
Apesar das afirmações da estrela do Vasco, o dirigente Eurico Miranda foi o principal responsável pelo adiamento do jogo. Para conseguir o seu objetivo, ele se utilizou dos jogadores. Afinal, por iniciativa própria não poderia conseguir o adiamento porque tinha assinado um documento confirmando a realização da partida nesta quinta-feira.
Agora, todas as partidas seguintes do Vasco também podem ser adiadas. Isto porque, se o jogo for marcado na sexta-feira, o confronto seguinte, que aconteceria no domingo, terá de ser adiado. "Podemos pedir a postergação dos outros sucessivamente", confirmou Sampaio. Ou seja, mesmo a realização da final da Mercosul, com Palmeiras, na terça-feira, está ameaçada.
Raposa - Dirigentes do Cruzeiro receberam nesta quarta-feira à tarde cópia da liminar da Justiça Trabalhista do Rio, suspendendo o jogo com o Vasco, mas mantiveram a programação estabelecida, inclusive o embarque da delegação para o Rio.
Segundo o assessor de imprensa do clube, Valdir Barbosa, os cruzeirenses vão esperar no Rio o resultado de um recurso contra a liminar, impetrado pelo Clube dos 13.
Independentemente disso, a diretoria diz que o time estará em São Januário para o jogo com o Vasco, estejam as portas do estádio abertas ou não. O jogo foi marcado e confirmado pela comissão executiva da Copa João Havelange para as 20h30.
Scolari - O técnico Luiz Felipe Scolari rebateu as declarações do supervisor do Vasco, Isaías Tinoco, segundo as quais ele (Scolari) "não entra em São Januário". Tinoco fez a afirmação em resposta a entrevista do técnico, publicada em jornais do Rio, em que teria feito acusações a Eurico Miranda. "Vai ter um jogo de futebol e entra quem quiser, seja pagando entrada ou sendo funcionário do clube que vai atuar", disse Scolari. Ele também garantiu que não citou nomes ao fazer críticas ao comportamento do Vasco e de seus dirigentes.
Quanto à liminar que adia a partida, Scolari lembrou que o Vasco é reincidente. Em 1998, quando o time esteve em Tóquio para a disputa do Mundial Interclubes, o clube adiou um jogo com o Palmeiras.
A medida também foi obtida por meio do Sindicato dos Jogadores do Rio, que requereu liminar na Justiça Trabalhista. "Estamos caindo numa situação de desânimo, uma situação absurda, em que as pessoas não têm mais credibilidade, o futebol está desacreditado e está na hora de mudar", ressaltou Scolari.