Paris - A Nike influenciou a decisão de Ronaldo para tratar-se no Colorado, nos Estados Unidos, pois lá ele poderia desenvolver, paralelamente a seu tratamento médico, algumas operações de marketing de interesse desse grupo e de seus empresários. Essa passagem do jogador pelos EUA foi considerada desastrosa pelos médicos e fisioterapeutas franceses que acompanharam durante seis semanas o seu tratamento em Capbreton, no país basco francês.
Nesta sexta-feira, Remy Rouillant, um dos fisioterapeutas que acompanhou seu tratamento não hesitou em afirmar aos jornalistas do jornal esportivo L"Equipe : " Não há dúvida de que no inicio de outubro o peso da Nike foi maior do que o do corpo médico quando foi tomada a decisão de iniciar o tratamento em Vail, no Colorado". Essa opção norte americana facilitou, como após a primeira operação, o casamento de um certo número de operações de marketing.
Nesta sexta, Ronaldo voltou a ser examinado por uma junta médica chefiada pelo professor Gerard Saillant e sua equipe que garantem que ele voltará a jogar como antes, mas o prazo para colocá-lo em boa forma física será 2002, o ano da Copa do Mundo. Para Saillant e sua equipe, 2001 será um ano apenas de transição para Ronaldo, mesmo tendo anunciado que ele volta aos treinos com bola a partir de janeiro próximo e talvez possa disputar alguns amistosos a partir da próxima primavera européia, no mês de abril.
O presidente Massimo Morati da Inter de Milão, sempre muito otimista, já está dizendo que Ronaldo será a mais importante contratação de seu clube para a próxima temporada. Hoje, depois de examiná-lo, o prof. Saillant afirmou que a recuperação de Ronaldo é excelente e isso, em grande parte, graças sua grande força psicológica, o que tem feito o jogador superar as dificuldades naturais desse tipo de tratamento.
Por enquanto, todo cuidado é pouco com Ronaldinho, daí as críticas feitas a Nike e sua irresponsabilidade ao optar pela solução norte- americana. Perguntado o que poderia ocorrer com o jogador caso , na sua volta, aconteça uma nova ruptura dos tendões, o professor Saillant foi muito claro: "Ele deveria parar de jogar futebol. Além disso, seria o caso de perguntar se poderia também andar normalmente". Saillant explicou que a idade constitui um grande aliado de Ronaldo, pois se tivesse trinta anos de idade dificilmente voltaria a jogar normalmente. Saillant não esconde também ter desaprovado a ida do jogador para os EUA, em Portland e depois a Vail, lembrando que em nenhum momento foi favorável ao tipo de tratamento efetuado nesse país.
O fisioterapeuta francês Remy Rouillant foi mais longe nas suas críticas ao tratamento prematuro tentado nos EUA. " Lá eles o obrigaram a forçar o joelho, trabalhar com pesos, etc..." Além disso, haviam programado numerosas "artroscopias" , um tipo de limpeza da articulações, algo traumatizante. O jogador perdeu tempo nessa fase e teve que praticamente recomeçar tudo na França, mas felizmente não houve complicações mais importantes”.
Remy Rouillant cita a definição dada pelo próprio Nilton Petrone, o Filé, fisioterapeuta que acompanhou Ronaldinho no Colorado: " Lá, o tratamento foi uma m...". Na verdade , os médicos nos EUA são muito bons e utilizam as melhores técnicas operatórias, mas já não são tão bons quando se trata de reeducação.
Durante toda a manhã e tarde desta sexta, Ronaldo se submeteu a exames no sétimo andar Hospital Salpetrière, em Paris, antes de embarcar de volta para o Brasil. Lá se encontravam os principais responsáveis por seu tratamento. O professor Saillant, o doutor Patrick Midlleton , chefe da clínica de Capbreton no sul da França, o fisioterapeuta Newton Petrone e Remy Rouillant, além do médico do Inter de Milão, o Dr. Combi.
A partir de janeiro, o tratamento vai prosseguir em Milão, mas com constantes visitas a Paris. Nessas seis semanas de tratamento no país basco francês, o jogador que, não corria há sete meses, progrediu enormemente, segundo seus médicos.
Ronaldo conseguiu excelentes resultados , mobilidade e potência muscular, mas também no nível de sua preparação física ( trabalho cardiovascular e de apoio ) . Seu corpo é muito bem coordenado, o de um atleta mais próximo de um jogador de rugby do que o de um futebolista, afirmam os preparadores que o acompanharam no centro de reeducação. É daí que vem a certeza de que ele poderá se recuperar inteiramente, mesmo se ele terá ainda que trabalhar muito. O jogador voltou embarcou hoje para o Rio de Janeiro onde passará as festas de fim de ano com sua família.