Belo Horizonte - O empate por 2 a 2 com o Vasco, sábado, em São Januário, na primeira partida das semifinais da Copa João Havelange, pode ter deixado a torcida do Cruzeiro animada, quanto à presença da equipe na decisão da competição, contra o São Caetano, mas o técnico Luiz Felipe Scolari, bem ao estilo, tratou logo de esfriar uma possível empolgação de seus jogadores.

Antes do treino desta segunda-feira à tarde, na Toca da Raposa, ele se reuniu com o elenco no vestiário por quase meia hora. O treinador cruzeirense não quer saber de excesso de otimismo entre os jogadores, após o bom resultado do primeiro jogo. Para estar na final da Copa João Havelange, o Cruzeiro poderá empatar em 0 a 0 ou em 1 a 1 com o Vasco, sábado, no Mineirão.

Ricardinho tem a mesma preocupação do treinador. “Essa vantagem é perigosa. A vitória de 1 a 0 dá a classificação ao Vasco", alerta o volante. “Temos que jogar para frente, para fazer gol, e não ficar pensando no empate", ensina o volante. Luiz Felipe Scolari também pediu aos jogadores para não se preocuparem com o São Caetano, que, surpreendentemente, depois de vir do Módulo Amarelo, conseguiu eliminar Fluminense, Palmeiras e Grêmio e chegou à decisão da João Havelange. O pensamento, por enquanto, deve estar voltado para o Vasco.

A classificação do São Caetano, no entanto, não deixou de ser comentada ontem na Toca da Raposa. “O São Caetano surpreendeu todo mundo, mas agora é realidade. Saíram da segunda divisão e chegaram pela própria capacidade", comenta o volante Ricardinho.

“Pela primeira vez vi um jogo completo do São Caetano e fiquei surpreso pela maneira que jogaram contra o Grêmio, em Porto Alegre", avalia Donizete Oliveira. “É preciso ter respeito e o máximo de humildade para jogar contra eles. O Grêmio achou que ia ganhar fácil", complementa o jogador.

Outro assunto do treinador com a equipe foi a atuação na partida de sábado, em São Januário. Scolari não gostou do rendimento do time. E os jogadores concordam com o técnico, mas alegam que o forte calor, no Rio de Janeiro, prejudicou muito. “No primeiro tempo, deixamos a desejar. Mas jogar às quatro da tarde, com aquele calor do Rio de Janeiro não é fácil", desculpou-se o volante Donizete Oliveira. “Igual a esse só na Venezuela, com a Seleção Brasileira." Ricardinho também queixou-se muito do calor no Rio de Janeiro.

“Foi um fator determinante para a apresentação ruim do time. No intervalo, bebi quase um litro de água."

Geovanni retorna com fome de bola

O atacante Geovanni confirmou ontem que está com vontade redobrada para enfrentar o Vasco, sábado, no Mineirão, na segunda partida pelas semifinais da Copa João Havelange. Ao ser suspenso por dois jogos pelo Tribunal da CBF, na semana passada, Geovanni, que ficou de fora do empate em 2 a 2, no Estádio São Januário, prometeu jogar com mais disposição na partida de volta contra o time carioca.

“Aqui, o Vasco vai ter de sair para o jogo e isso vai ser bom para o Cruzeiro. Os contra-ataques bem armados serão importantes para a nossa equipe", analisa o atacante. Para Geovanni, o time não pode se contentar com a vantagem do empate e tem que pensar em vencer a segunda partida.

Geovanni assistiu ao jogo de sábado pela televisão, em casa, e conta que “sofreu" muito. “Depois daquele gol que o Odvan perdeu, quando já estava 2 a 0, vi que dava para reagir. Se levássemos o terceiro gol, iria ficar complicado", afirma o atacante, que se diz tranqüilo quanto à sua escalação para a partida de sábado. “Fiquei fora de um jogo por suspensão, estou voltando aos treinos e vou ficar à disposição do treinador", declara.

O atacante, no entanto, ainda não conseguiu esquecer a raiva pela suspensão no Tribunal da CBF. “Fiquei triste pela forma como foi. Durante o julgamento, os auditores ficaram falando do Luiz Felipe e de suas declarações, não de mim", lamenta Geovanni, que participou da sessão. A diretoria do Cruzeiro chegou a pensar em recurso, mas a idéia não evoluiu.

Geovanni não quis comentar a troca de treinador no Vasco. “Às vezes, motiva. Às vezes, não. Mas prefiro deixar o clima de lá para eles resolverem. Aqui, está tudo tranqüilo", desconversa o atacante.

Mistério

Luiz Felipe Scolari não adiantou quem será escalado no ataque cruzeirense na segunda partida contra o Vasco. O treinador deve manter o mistério até o dia do jogo. Fábio Júnior foi bem quando entrou contra o Internacional e contra o Vasco e pode ganhar a vaga de Oséas. A volta de Geovanni é certa.

Hoje, haverá treinamento em dois períodos, na Toca da Raposa. Amanhã, quinta e sexta-feiras, apenas à tarde. A concentração vai começar após o treino de sexta.

Troca de técnico no Vasco é vista como vantagem

A troca de treinador no Vasco está sendo avaliada pelos jogadores do Cruzeiro como algo favorável para a equipe mineira, na segunda partida das semifinais da Copa João Havelange, sábado, no Mineirão. Para a maioria deles, uma mudança de comanda, nesse momento, pode atrapalhar, principalmente porque Oswaldo de Oliveira, que foi substituído por Joel Santana, é querido pelos jogadores vascaínos.

“Para nós, é um ponto a favor. O Oswaldo conhecia o grupo e o Joel Santana, que também é um bom treinador, não terá tempo de implantar sua filosofia e algumas dúvidas poderão surgir. Espero que essa mudança seja reflexo do que estão passando", argumenta o meia Sérgio Manoel. “O Oswaldo de Oliveira é um grande treinador, equilibrado e logo estará empregado novamente", completa. Para o volante Donizete Oliveira, é difícil analisar, a distância, essa troca de treinador no Vasco. “Tudo vai depender do resultado que o Vasco conseguir agora. Mas trocar de técnico com duas decisões pela frente não tem justificativa. Espero que sirva para ajudar a gente", comenta o jogador.

Geralmente, uma mudança no comando técnico traz motivação ao grupo, mas, na opinião dos jogadores do Cruzeiro, esse não é o caso do Vasco. “Tem hora certa para mexer", observa Donizete Oliveira. “O Oswaldo de Oliveira estava bem com o grupo de jogadores", acrescenta o meia Jackson.

O volante Ricardinho tem um pensamento semelhante. “Os jogadores do Vasco não devem ter gostado da mudança. Todos gostavam dele. Foi uma mudança negativa, mas, mesmo assim, vai ser um jogo difícil", opina Ricardinho.

Oswaldo de Oliveira foi demitido após o jogo de sábado porque marcou a reapresentação dos jogadores para ontem à tarde. O presidente eleito do Vasco, Eurico Miranda, queria que as atividades começassem pela manhã. O dirigente também não gostou do abraço que Oswaldo de Oliveira deu em Luiz Felipe Scolari após a partida, ainda no gramado de São Januário.

Ingressos

Os preços dos ingressos para a segunda partida contra o Vasco, sábado, no Mineirão, ainda não foram definidos pela diretoria do Cruzeiro. Para que haja uma promoção é necessária a concordância da Hicks, Muse, Tate & Furst, que fica com a parte da renda que cabe ao clube. Na quinta-feira à tarde, haverá uma reunião na Federação Mineira de Futebol para definir as questões quanto à venda antecipada, policiamento, transporte e outras providências para a partida.

O volante Donizete Oliveira foi o único jogador que não participou do treinamento, ontem à tarde, na Toca. Ele sofreu uma leve torção no tornozelo esquerdo, por causa de um pisão em falso, mas não chega a ser problema para o jogo de sábado. Sérgio Manoel, ainda não totalmente recuperado da gripe, treinou com os companheiros.

Torcedoras já se preparam para apoiar o Cruzeiro

A torcida do Cruzeiro já se prepara para lotar o Mineirão no sábado e incentivar o time na segunda e decisiva partida contra o Vasco, que vale a vaga para a final da Copa João Havelange, junto com o São Caetano. Fanáticos ou não, os torcedores já fazem planos para colorir o estádio e “sufocar" os cariocas.

Como a turma da estudante Renata Matos, de 23 anos. Ontem, o grupo se reuniu para combinar a ida ao estádio e comprovar que futebol, definitivamente, não é coisa só para homem. O encontro foi na casa das irmãs Cristiane e Andréia Lima, de 20 e 17 anos, respectivamente, que têm na ponta da língua a desculpa para não faltar ao jogo de sábado. “Meu cunhado é de Ponte Nova, mas nunca foi ao Mineirão. Ele é cruzeirense e vai nos levar", conta Cristiane.

Outras três colegas também vão engrossar a turma: as irmãs Paula e Anna Carolina Scalzo, de 21 anos, e Marcella Melo, de 17. De todas, Renata é a mais fanática. Mas admite que não “chega nem aos pés" da amiga Fabiana Silva, de 22 anos, que não pôde reunir-se com o grupo porque estava trabalhando. Mas fez questão de contribuir, emprestando camisa e pôsteres para colorir ainda mais de azul e branco o encontro. “A Fabiana é a pior de todas", revela Renata.

Marcella, Anna Carolina e Andréia contam que entendem bem de futebol. Inclusive jogam bola no time da escola. Mas, por outro lado, Paula admitiu não ser profunda conhecedora das regras do esporte. “Ela vai mais pra fazer farra. Xinga e canta o tempo todo", contam as amigas. Outra que afirma ser cruzeirense “doente" é Cristiane. “Mas ela só vai por causa da cerveja", alfineta Andréia.

Apesar da paixão pelo Cruzeiro, todas sabem do perigo que se tornou acompanhar jogos de futebol no Mineirão, principalmente na reta final das competições, onde o público presente é bem grande. Renata, por exemplo, assistiu à última partida da equipe na Copa Mercosul, quando o time foi eliminado pelo Palmeiras ao perder por 2 a 1 e prometeu que não voltaria tão cedo ao estádio. Mas acabou sendo convencida pelos amigos.

“Naquele dia deu muita confusão, muita briga. Falei que não iria em outro jogo este ano, principalmente nestes das semifinais. Mas acabei resolvendo. Só que já combinamos ir de cadeira, que é mais seguro e não dá tanta confusão", ressalta a estudante.

E é justamente o medo da violência - arrastões e brigas - que preocupa José e Luci Lima, pais de Cristiane e Andréia. Eles sempre recomendam cuidado às filhas, orientando-as a ficarem distantes de qualquer confusão. E procuram saber com quem elas estão indo. Mas nunca proíbem. Afinal, são cruzeirenses também, como os outros três filhos.

Agenda lotada impede artistas de irem ao estádio

A agenda lotada de shows neste final de ano não irá permitir que cruzeirenses famosos assistam à segunda e decisiva partida das semifinais da Copa João Havelange, sábado, contra o Vasco. Integrantes do Jota Quest, Pato Fu e o cantor Lô Borges estarão em turnê pelo país e vão ter que se contentar em torcer para o time do coração pela televisão.

Sorte maior tiveram Samuel Rosa e Henrique Portugal, do Skank, que poderão assistir tranqüilos ao jogo, por causa de uma folga na apertada agenda. Já garantiram presença nas cadeiras cativas. O vocalista Maurinho, do Tianastácia, irá fazer o maior malabarismo para poder estar junto dos amigos no Mineirão. Ele tem show em Itabirito, a 55 quilômetros de Belo Horizonte, mas também confirmou que estará vestido de azul e branco torcendo, ao vivo, pelo time do coração. “Eu vou de carro e viajo correndo no final do jogo, direto, para encontrar com o resto da banda", planeja.

Entre os artistas mineiros, um dos mais fanáticos é o guitarrista Marco Túlio, do Jota Quest. Dos cinco integrantes da banda, é o único cruzeirense. E desde hoje já lamenta não poder assistir ao jogo no Mineirão. Vai estar se apresentando em Andradina, no interior de São Paulo.

“Ultimamente, quase não tenho ido, pois os jogos decisivos são no final de semana, quando o Jota tem muitos shows. Mas estarei em frente à televisão, vestido com a camisa do Cruzeiro. Encontrei com o Sorín no avião, voltando do Rio, e disse a ele que vamos ganhar de 3 a 1", lembra.

Outro que também não poderá ir ao estádio no sábado é o cantor e compositor Lô Borges. “Estarei em turnê pelo Nordeste, mas tenho certeza que meu time vai ganhar. Vou estar vibrando de longe", conta. A vocalista do Pato Fu, a cruzeirense Fernanda Takai, também terá que se contentar em assistir ao jogo pela televisão, porque a banda vai estar excursionando pelo Sul do país.

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