Rio - Bernardo Rezende sequer comandou o primeiro treino na seleção brasileira masculina, e o clima está quente fora de quadra. É que, como ficará no Rexona até o fim da Superliga Feminina, em abril, Bernardinho confiou ao seu braço direito, Chico dos Santos, a missão de assistir a treinos e jogos do masculino a fim de observar os jogadores e ter subsídios para elaborar a primeira convocação.
Carlos Alberto Castanheira, o Cebola, técnico atual campeão brasileiro com o Telemig Celular/Minas, não permitiu a entrada de Chico em seu treino, em Belo Horizonte, na semana passada. "Só queria um pouco de respeito", justificou Cebola "Sou o dono do treino, nem recebi um telefonema pelo menos avisando que queriam ver o meu treino."
Embora Cebola tenha motivações pessoais para adotar esse procedimento, os treinadores do masculino não escondem a desaprovação pela escolha de um profissional do feminino para o comando dos homens.
"Não quero polemizar, mas é para estudar a transferência de um técnico do feminino para o masculino. Contudo, não tenho nada contra o Bernardinho pessoalmente ou profissionalmente", opina o técnico da Ulbra, o gaúcho Jorge Schmidt, que, ao lado do mineiro Cebola, do paulista Ricardo Navajas e do carioca Bernardinho, era um dos cogitados para o comando da seleção masculina.
Apesar de sua opinião sobre a escolha de Bernardinho, Jorginho já conversou com Chico e colocou a infra-estrutura da Ulbra, em Canoas, à disposição da seleção. "Não existe revanchismo. Eles serão bem recebidos", encerra Jorginho.
A atitude de Cebola não revela uma simples ciumeira, como pode parecer à primeira vista. Em 1993, na troca de comando da seleção feminina, Cebola foi sondado duas vezes para o cargo. Bernardinho acabou sendo o escolhido. Cebola contribuiu com informações e, agora magoado, conta que não recebeu nem um “obrigado” de Bernardinho.