Rio - Com 13 medalhas conquistadas em Olimpíadas e Campeonatos Mundiais, sendo três de ouro, três de prata e sete de bronze, o Brasil termina o Século XX na quarta posição no ranking das competições organizadas pela Federação Internacional de Basketball (Fiba), que tem 210 países filiados. Os brasileiros foram superados apenas por Estados Unidos, ex-União Soviética e Iugoslávia.
"Estamos orgulhosos pelo nosso país fazer parte das quatro primeiras potências do basquete mundial. Terminamos à frente de grandes potências que estão longe de nos alcançar. Com certeza, vamos incomodar a Iugoslávia em busca da terceira colocação", comemorou o presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), Gerasime Grego Bozikis.
A trajetória do basquete brasileiro nas Olimpíadas começou em Berlim, na Alemanha, em 1936. A seleção masculina terminou na nona posição entre os 20 participantes. Por causa da guerra, não foram realizadas as edições de 40 e 44. Nos Jogos Olímpicos de Londres, em 48, o Brasil conquistou a primeira medalha em esportes coletivos: um bronze.
Os brasileiros voltaram ao pódio em Roma, em 60, e em Tóquio, em 64, novamente com medalhas de bronze. Já a seleção feminina iniciou sua caminhada olímpica somente em Barcelona, em 92, quando terminou em sétimo lugar. Quatro anos mais tarde, em Atlanta, Hortência, Paula, Janeth e cia conseguiram uma histórica medalha de prata. Esse ano, em Sydney, as brasileiras voltaram a brilhar com a medalha de bronze.
A primeira medalha dos brasileiros em Campeonatos Mundiais foi a de prata, em 54, durante a competição realizada no Brasil. A equipe comandada por Togo Renan Soares, o Kanela, foi derrotada na final pelos Estados Unidos por 62 a 41. Cinco anos depois, o mesmo Kanela, sagrava-se campeão no Chile e chegava ao bicampeonato, em 63, no Brasil. A era Kanela prosseguiu no Uruguai, em 67, e na Iugoslávia, em 70, com as medalhas de bronze e de prata, respectivamente. Nas Filipinas, em 78, a geração de Oscar e Marcel, subiu ao pódio com o terceiro lugar. Já a seleção feminina foi prata no Mundial do Brasil, em 71, e conquistou o título na Austrália, em 94, ao vencer na final a China por 96 a 87, com um show da dupla Hortência e Paula.
A boa colocação no ranking da Fiba deixou satisfeitos diversos personagens da História do basquete brasileiro:
- Ruy de Freitas (bronze nas Olimpíadas de Londres em 48) - "É uma excelente colocação. Fico feliz em fazer parte da geração que começou essa trajetória, conquistando a primeira medalha olímpica do basquete em 1948. Estados Unidos, União Soviética e Iugoslávia sempre foram as grandes superpotências do basquete. Hoje, os americanos estão acima. Estamos de parabéns."
- Marlene (primeira pivô da seleção brasileira e medalha de bronze no Mundial do Brasil em 71) - "Isso é maravilhoso. Fico muito honrada em ter participado do começo de tudo isso. Lembro-me, por exemplo, de uma partida em 62, contra a Alemanha, em que se comentava a diferença entre as duas seleções, com uma enorme vantagem para a equipe alemã. Hoje, isso é só lembrança. É a prova de como o basquete brasileiro subiu de produção."
- Wlamir Marques (bicampeão mundial em 59 e 63) - "É uma conquista muito importante para o basquete brasileiro. Estou muito emocionado em saber que faço parte dessa história. Na época em que jogava, essas quatro equipes (Estados Unidos, União Soviética, Iugoslávia e Brasil) estavam sempre disputando as primeiras colocações. Temos que tirar desse resultado um estímulo a mais para que o nosso país esteja sempre presente entre as potências do basquete internacional."
- Heleninha (por 16 anos capitã da seleção) - "Esse resultado coroa o trabalho de várias gerações em prol do desenvolvimento do basquete brasileiro. Conquistar essa posição com um número de jogadoras que considero ainda pequeno é prova do grande talento individual de nossas atletas. Fico muito contente com colocação do Brasil nesse ranking, porque atravessei gerações e vi o esporte crescer no país, como jogadora e assistente técnica da seleção adulta."
- Algodão (bronze nas Olimpíadas de Londres em 48 e bicampeão mundial em 59 e 63) - "É um grande feito para o basquete nacional. O que me emociona muito é ser lembrado sempre como um dos responsáveis pelo sucesso do basquete. Isso me deixa muito honrado e feliz."
- Hortência (campeã mundial na Austrália em 94 e prata nas Olimpíadas de Atlanta em 96) - "Superamos grandes dificuldades para transformar o basquete feminino brasileiro em uma potência mundial. Apenas o Brasil, União Soviética e Estados Unidos têm títulos mundiais. Isso é uma grande conquista. Hoje somos respeitadas em qualquer competição internacional. É muito compensador ter participado de todo o processo."
- Hélio Rubens (bronze no Mundial do Uruguai em 67 e das Filipinas em 78 e prata na Iugoslávia em 70 e técnico da seleção brasileira adulta masculina) - "Acho que todos nós, jogadores, técnicos e dirigentes, devemos estar orgulhosos de ter participado dessa belíssima história do basquete brasileiro. Temos agora que assumir a responsabilidade de trabalhar para trazermos de volta o tempo de glória do basquete masculino."
- Oscar (bronze no Mundial das Filipinas em 78 e maior cestinha do basquete brasileiro) - "Fico feliz e extremamente orgulhoso de saber que a minha geração ajudou o Brasil a alcançar uma marca tão significativa. Conseguimos manter uma regularidade em Olimpíadas, ficamos em quinto lugar por três vezes e tivemos boas colocações em mundiais, um terceiro, um quarto e um quinto lugares. Essa notícia é para encher a nós, jogadores, técnicos e amantes do basquete, de orgulho."
- Janeth (campeã mundial na Austrália em 94, prata nas Olimpíadas de Atlanta em 96 e bronze na Austrália em 2000) - "Esse reconhecimento internacional é glorioso e gratificante. É a prova de que superamos todas as dificuldades para escrever o nome do Brasil na História do basquete. Precisamos agora continuar um trabalho de base para melhorar ou, no mínimo, manter, essa colocação no ranking mundial."
O ranking divulgado pela Fiba foi o seguinte:
1º- Estados Unidos - 25 (ouro) - 6 (prata) - 6 (bronze) - 37 (total)
2º- União Soviética - 13 - 9 - 6 - 28
3º- Iugoslávia - 5 - 9 - 4 - 18
4º- Brasil - 3 - 3 - 7 - 13
5º- CEI - 1 - 0 - 0 - 1
6º- Argentina - 1 - 0 - 0 - 1
7º- Coréia - 0 - 3 - 0 - 3
8º- Rússia - 0 - 3 - 0 - 3
9º- Tchecoslováquia - 0 - 2 - 4 - 6
10º- China - 0 - 2 - 2 - 4
11º- Bulgária - 0 - 2 - 2 - 4
12º- França - 0 - 2 - 1 - 3
13º- Canadá - 0 - 1 - 2 - 3
14º- Austrália - 0 - 1 - 2 - 3
15º- Chile - 0 - 1 - 2 - 3
16º- Croácia - 0 - 1 - 1 - 2
17º- Espanha - 0 - 1 - 0 - 1
18º- Itália - 0 - 1 - 0 - 1
19º- Japão - 0 - 1 - 0 - 1
20º- Lituânia - 0 - 0 - 3 - 3
21º- Uruguai - 0 - 0 - 2 - 2
22º- Cuba - 0 - 0 - 2 - 2
23º- México - 0 - 0 - 1 - 1
24º- Filipinas - 0 - 0 - 1 - 1