São Paulo - Depois de uma boa performance na primeira prova cronometrada do rali Paris-Dacar 2001, na segunda-feira, em La Chatre (França), quando terminou em segundo lugar na classificação geral dos caminhões, apenas dois segundos atrás do líder, o piloto André Azevedo, da equipe BR Lubrax, não teve a mesma sorte nesta terça-feira na especial de Chateau Lastours, próximo à divisa da França com a Espanha.
O caminhão do brasileiro, um Tatra de 11 toneladas e um dos maiores entre todos os inscritos na competição, teve dificuldades para passar em algumas partes estreitas da pista, montada em um circuito fechado de 35 quilômetros entre plantações de uva para a produção de vinhos. Numa das curvas, André teve de manobrar o caminhão, perdendo preciosos minutos no trecho cronometrado. Ele ficou em sexto lugar na prova desta terça, mesma posição da classificação geral da categoria.
"Como diminuímos muito a velocidade, um dos caminhões Kamaz, nossos maiores concorrentes, chegou perto e nos ultrapassou numa reta rápida de aproximadamente dois quilômetros. Tivemos que abrir passagem porque havia uma platéia ao lado da pista e uma disputa de posição naquele local poderia colocar em risco a vida das pessoas", contou André no final da etapa. "Os caminhões curtos tiveram mais vantagem hoje", disse.
Mas André Azevedo acredita que essa desvantagem em relação aos caminhões curtos vai diminuir quando o rali entrar em território africano, a partir desta quinta-feira, pelo Marrocos. "No deserto, a situação é diferente. Lá não há limite de espaço e o Tatra é muito resistente", afirmou o brasileiro, que tem como navegador Tomas Tomecek, e Mira Martinec como co-piloto, ambos da República Checa.
O campeão da etapa desta terça-feira foi o russo Tchaguine, com um caminhão Kamaz. Aliás, os modelos fabricados na terra de Boris Yeltsin são os maiores concorrentes dos brasileiros. E não é para menos. Eles conquistaram primeiro e terceiro lugares no último rali, o Dacar-Cairo, em janeiro de 2000. No Dakar de 2001, dois Kamaz aparecem na primeira e segunda posições na classificação geral, com Tchaguine e Kabirov.
Caminhão mais leve e potente - Os bons resultados da equipe BR Lubrax na categoria Caminhões do rali Paris-Dakar, como o segundo e o sexto lugares nas duas primeiras especiais da competição, na segunda e na terça-feira, na França, mostram que o acerto do Tatra de André Azevedo está "afinadíssimo" para a prova.
A performance é resultado de mudanças importantes feitas pela equipe este ano. O caminhão de André ganhou mais potência (de 620 HP para 645 HP) e está uma tonelada mais leve que no último rali, o Dakar-Cairo, em janeiro de 2000.
"O aumento da potência é resultado dos avanços da fábrica Tatra, na República Tcheca, que vem conseguindo aperfeiçoar os motores", contou o piloto. "E conseguimos reduzir o peso em mil quilos, graças ao nosso caminhão de assistência, que leva boa parte dos pneus, as peças grandes, como eixos, e as ferramentas mais pesadas", afirmou o brasileiro. "Mas ainda é muito cedo para tirar qualquer conclusão", disse André.
Na última edição do Dacar, André Azevedo teve problemas mecânicos no eixo dianteiro de seu Tatra e perdeu o pódio na categoria geral da caminhões por apenas cinco minutos (a diferença para o terceiro colocado). Ele chegou a vencer etapas na prova, mas teve que se contentar com o quarto lugar na classificação final.
O rali Paris-Dacar 2001 largou da capital francesa na madrugada do dia 1° de janeiro e 358 veículos, entre carros, motos e caminhões de competição e de assistência, começaram a prova. A chegada está prevista para o dia 21 de janeiro, depois de os pilotos atravessarem seis países da Europa (França e Espanha) e África (Marrocos, Mauritânia, Mali e Senegal).
A etapa desta quarta-feira será entre Castellon-Costa Azahar e Almeria, no extremo sul da Espanha, e o trecho cronometrado vai ser realizado na praia, num circuito de cinco quilômetros, entre essas duas cidades. Toda a caravana do rali irá passar a madrugada de quarta para quinta-feira atravessando o Mediterrâneo em balsas e desembarcarão em Nador, no Marrocos, na manhã seguinte.