Londres - Os principais técnicos de atletismo britânicos afirmam que as rigorosas marcas exigidas para qualificação para os campeonatos mundiais deste ano encorajam a prática do doping.
``Todos os atletas têm as Olimpíadas ou os Mundiais como seu grande objetivo'', disse Max Jones, diretor da equipe de atletismo do Reino Unido. ``Mas se você coloca os índices exigidos tão altos, resta a eles duas opções: deixar o esporte ou buscar atalhos.''
``As marcas para o mundial indoor são draconianas. Isso vai matar o esporte'', acrescentou. John Trower, técnico do ganhador da medalha de prata olímpica no arremesso de dardo, declarou: ``Se esses índices não estão matando os eventos de atletismo, ou levando os competidores a pensar como poderiam alcançá-los, então não sei para que eles servem.''
Segundo Jones, apenas 31 homens na história já obtiveram o índice de qualificação do salto em altura (5,80 metros) para o Mundial indoor de Lisboa, em março. No salto em distância, só 30 atletas já ultrapassaram a marca mínima de 8,25 metros exigida.
Nas provas femininas, disse Jones, os índices de qualificação para o salto em altura, salto com vara e salto em distância são todos superiores aos atuais recordes indoor britânicos.
O porta-voz da Federação Internacional de Atletismo Amador (FIAA), Giorgio Reineri, defendeu a decisão da organização. ``Na visão do Conselho da FIAA, a idéia não é ter uma competição longa, com muitos atletas. Os campeonatos mundiais foram feitos para os melhores atletas.''